Veio daqui - http://existeumolhar.blogs.sapo.pt/104026.html
Foto by Manu
“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar para poder voltar sempre inteira.”
Cecília Meireles
Porque te escondes Mulher Maravilha de Criança Nascida na penumbra de sombras quase divinas de um contra-luz, ainda que perfeito?
Olha de frente o Sol e as sombras ficarão para trás.
Não as vês, nem as sentes.
Deixa-te flutuar num voo de sonho imaginado e sentirás em realidade a plenitude do dia.
Que sejas feliz, hoje e sempre e com todo o entusiasmo de uma vida rica de sentimentos.
Hoje é teu dia... Parabéns querida Manu
- Ambrósio apetecia-me algo…
- Lamento Senhora mas nesta altura do ano…
- Não Ambrósio, hoje não falo de Ferrero Rocher. Começo a ficar cansada de ser sempre a mesma coisa... o mesmo sabor. Eu sei que é delicioso, mas realmente queria algo diferente, algo mais vivo, alegre. Queria descontrair, conviver, encontrar pessoas de quem eu gosto num ambiente belo, dar uma boa risada, soltar-me, nem que para isso seja preciso beber uma taça..., talvez duas ou mais de champagne…
- Tomei a liberdade de pensar nisso, Senhora.
- A sério Ambrósio? Que me preparaste tu?
- Será surpresa Senhora, mas posso desvendar um pouco do mistério.
Pode chegar à janela e espreitar. A mesa foi reservada para si, Senhora.
Por enquanto está vazia, mas preparei verdadeiras iguarias que a vão deliciar.
Convidei algumas pessoas que lhe farão companhia num adorável convívio e tomei as devidas providências para que champagne não falte… Dom Pérignon estará bem, Senhora?
- Oh Ambrósio, tu sempre me surpreendes! Mal posso esperar.
Foto de: Bernardo Gomes
https://picasaweb.google.com/jfreitas.soares/Agosto02#5235059814713146530
Autor da foto: Jorge de Freitas Soares
No meu jardim, o tal que não tenho mas existe, desenhei um novo canteiro em forma de infinito. Dei-lhe boa terra, água leve e cristalina e nele, com pozinhos de purpurina, transplantei um girassol e como que por magia, não fosse o jardim encantado, o girassol cresceu.
Ficou lindo e vistoso em seu colorido amarelo procurando por todo o dia o sol brilhante e caloroso e neste gesto simples espalhava a alegria sobre todo o meu jardim.
Uma certa libelinha, que a mesma sempre era, esvoaçava airosamente em torno do girassol.
E os dois contavam histórias de uma tão grande fantasia que as outras flores do jardim se inclinavam atentas, escutavam e nelas se envolviam.
Ouviam-se risadas, erguiam-se vozes e comentários, trocavam-se ideias e saberes, numa sempre presente e salutar brincadeira, numa alegria contagiante.
Dava gosto entendê-las e sentir uma amizade sincera e crescente!
E num entender espontâneo de todas as outras flores, a libelinha foi de novo baptizada. Chamaram-lhe com carinho de Maria Alegria.
Dizem as outras flores num murmúrio melodioso que a delicada libelinha se apaixonou pelo vistoso girassol.
Certo, certinho, é que hoje no lago do meu jardim, logo ao romper do dia, uma flor de lótus nasceu e assim que abriu as pétalas estendeu um largo sorriso à doce libelinha.
Fotos de Manu
Mafalda, 17 de Maio de 2011
(composição das fotos da Manu trabalhada no Corel PaintShop Photo)
http://olhares.aeiou.pt/o_paraiso_e_por_ali_foto2809742.html
Autor da foto: Jorge de Freitas Soares - chamou-lhe "O paraíso é por ali"
Abriu os olhos lentamente. A luz do dia já lhe invadira o quarto. Virou-se e espreitou pela janela de sacada.
Como estava bonito lá fora! E sorriu sonolenta.
Ergueu o tronco e sentou-se na cama cruzando as pernas como se fosse meditar. Levantou os braços e espreguiçou-se longamente como se quisesse de imediato pôr todos os músculos a funcionar e sorriu num esgar preguiçoso.
Atirou com o lençol e num movimento repentino saltou pró chão. Descalça e em bicos dos pés apressou-se até ao roupeiro abrindo uma porta. Pegou num cabide de onde pendia um vestido. Admirou-o e sorriu satisfeita.
Não era nem azul claro, nem escuro. Nem azul mar, nem azulão, azul petróleo, sequer turquesa, talvez com um toque de lilás… era um azul especial. Para quê definir?
De alças mais pró larguinho e decote redondo um pouco generoso, inteiro e bem ajustado ao corpo. Tinha no lugar dos bolsos em efeito arredondado, um enfeite de missangas pretas bordado.
Encostou o cabide a si e ajustou com o braço o vestido na cintura. Mirou-se no espelho, gostou do que viu e sorriu sonhadora.
E com cuidado o colocou direitinho bem em cima da cama.
Voltou de novo ao roupeiro, abriu uma outra porta e apanhou uma caixa que abriu. Lembrou-se “da caixinha das surpresas”, mas surpresa eram as lindas sandálias pretas de saltinho bem alto que comprara para usar com o vestido.
O seu olhar brilhou e sorriu… porque não... Vaidosa?
E assim os poisou e deixou junto ao seu vestido.
Sempre em bicos dos pés, percorreu a casa toda como que a dar-lhe os bons dias. E a casa cheirou-lhe a rosas e sorriu enternecida.
Com todo o cuidado preparou o seu banho. Encheu a banheira de água tépida, pura, cristalina, revitalizante, fonte de vida. Juntou-lhe umas gotas de um óleo aromático de flor de laranjeira. Espuma de banho de algas marinhas e agitou-a sentindo-a macia.
Retirou da jarra duas rosas para que continuassem em número impar. Eram cor de salmão… enviara-lhas o filho… inspirou-lhes o aroma e sorriu comovida, saudosa.
Não! Não era dia para isso. Era dia de viver e sorrir com esperança.
Desfolhou então as rosas e espalhou as pétalas por toda a banheira. Ligou o leitor de CD e deixou o som baixinho. Uma a uma acendeu as velinhas dispostas na banqueta e logo se evidenciou o cheiro a alfazema e a canela, atribuindo ao ambiente uma fragrância ao mesmo tempo campestre e sofisticada.
Livrou-se do pijama de seda cor de pérola e finalmente entrou na banheira. Relaxou, sentiu-se a flutuar e sorriu deliciada.
Passou um creme no corpo, tratou do rosto e do cabelo. Salpicou-se de perfume e correu para o vestido azul que enfiou, calçou as lindas sandálias pretas e espreitou o espelho que lhe devolveu sua imagem.
Que morenaça “giraça” – pensou, remirando-se de novo e sorriu diveRtiDa.
Dirigiu-se para a porta, deu dois passos atrás para pegar a máquina… nunca se sabia a beleza que podia encontrar… hesitou..., mas acabou por deixá-la. Hoje o dia era seu. Alguém havia de fazer de repórter e sorriu descontraída.
Saiu sem destino pensado, sem saber para onde ia, mas confiante no destino.
Enquanto conduzia reparou que as cores estavam mais vivas, que a luz tinha mais brilho e o ar… o ar era mais leve e sorriu reconfortada.
Puxou uma cadeira e sentou-se. Passou os dedos no cabelo e ergueu o rosto na direcção do sol que caloroso a beijou.
Olhou à sua volta e reparou que sem dar conta se encontrava na mesma esplanada de sempre com suas cadeiras azuis.
Curioso – pensou e sorriu surpreendida.
O funcionário já seu conhecido abeirou-se e presenteou-a com um cordial bom dia.
- O mesmo de sempre, senhora?
- Bom dia. Ah, hoje não. Primeiro quero uma taça daquela deliciosa salada de frutos tropicais, um croissant folhado, recheado com doce de pêssego rosado e requeijão de Seia e um chá de jasmim. Só depois o café.
- Se me permite o comentário, uma escolha arrojada, mas de excelente bom gosto.
- Ainda bem que concorda – respondeu, e sorriu lisonjeada.
Enquanto esperava pensou como as pessoas tinham tanto de agradável para oferecer e quando bebeu o primeiro gole de chá lembrou-se que tinha aprendido que na medicina tradicional chinesa, a este chá, lhe era atribuída uma influência reguladora Yin e Yang e sorriu tranquila.
Prestando um serviço de boa qualidade, por atento que estava o funcionário, findo que foi seu pequeno-almoço veio servir-lhe o café e surpresa das surpresas, vinha acompanhado de um bombom – um “Bacio”. Isso lhe fez lembrar de imediato aquele taxista em Itália que ao deixá-la no local de destino se despediu dizendo “Ciao bella”.
Ainda embrenhada nestes pensamentos levantou o rosto dirigindo o olhar ao empregado e sorriu-lhe agradecida.
Já não lhe restavam quaisquer dúvidas que o seu dia era mesmo especial, desde o início até ao fim.
Até ali tudo lhe tinha corrido maravilhosamente e sentia-se de facto bem.
Não tinha grandes planos. Almoço com amigos, jantar com outro grupo, e no tempo que sobrasse, logo surgiria algo que a satisfizesse, mas tudo para saborear no seu máximo.
Viver apenas o momento, os tais de que fabricava a sua felicidade. E sorriu serenamente.
Não tardou um segundo e o telemóvel tocou e a voz do outro lado fazia-a rir com vontade.
As chamadas sucederam-se durante todo o dia, assim como os risos e os abraços, as palavras de amizade e os prazeres do convívio, fazendo-a sorrir de Alegria.
Quando os festejos do dia findaram e finalmente na sua almofada a cabeça repousou, reviu tudo como um filme e enquanto isso sorria.
Num suspiro profundo de quem respirou bem-estar, fechou os olhos e sorriu emocionada.
Não foram aqui descritos, nem de longe nem de perto os mil e um sorrisos do título.
Muitos outros ficaram pelo caminho, mas pelo caminho de alguém que os possui, os guarda e os oferece a cada momento seu.
Mafalda, 6 de Agosto de 2010
P.S. Não tenho o hábito de usar tags nos meus posts, no entanto achei que neste se justificam
por se tornarem um complemento do texto.
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