Escrevo as palavras que não ouso falar na areia molhada da praia… escrevo-as com a ponta dos dedos, mas a espuma branca das ondas, desfazem-nas.
Escrevo-as de novo com o olhar no azul índigo no meio do mar, mas o seu movimento ondulante, mistura-as, afoga-lhes letras… não são nada… já não fazem sentido.
Volto a escrevê-las com o pensamento no azul claro e sereno do céu, mas uma pequena e solta nuvem branca passa e apaga-as… não deixa rasto.
Eu insisto e reescrevo-as no vento que livre sopra e rápido as leva, deixando que as letras vão caindo aqui e ali dispersas… as palavras quebram-se na copa de uma árvore ou num muro qualquer.
Não desisto e recorro aos pingos da chuva. Mais uma vez tento escrever as palavras. Ah, mas se até aqui não consigo que fiquem juntas, que façam sentido, a chuva, essa, nem me deixa construí-las.
Estou de mal com o mundo!
Recorro a uma folha de papel, nua, virgem e tento com um lápis, torná-la sedutora, dar-lhe vida. Mas não sei o que escrever, não me lembro de palavras com cor, falta-me a inspiração.
Tento fazer um desenho, talvez consiga expressar-me…, mas nem um risco direito me sai.
É o lápis que não presta, ou o papel que não serve.
Sim porque eu sei bem o que estou a sentir, a pensar…, até sei que dia é hoje…,
Hoje é dia 7 de Outubro de 1987
O QUÊ?! 1987?!
Imagine-se! Como se fosse possível viajar no tempo…, recuar vinte e três anos de existência…,
Mas foi lá que encontrei as palavras sem cor, sem qualquer significado…
Hoje é dia 7 de Outubro de 2010
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