" A amizade é, acima de tudo, certeza - é isso que a distingue do amor."
Marguerite Yourcenar
Não sei porque desígnios as coisas acontecem.
Será destino e temos que cumprir com o que nos está destinado?
Será mesmo que nada acontece por acaso e temos que viver os acontecimentos para nos darmos conta do bem precioso que possuímos – A Vida?
Mas sei que muitos de nós passam por ela sem lhe dar valor e outros apesar das adversidades, agarram-na com toda a sua força, querendo que ela não lhe fuja, querendo tê-la de volta.
Talvez nós que estamos do lado de cá não tenhamos um décimo da noção dos sentimentos que nascem e se atropelam na alma de quem atravessa esse mundo de ver a vida ameaçada.
Depois do choque da notícia, vem aquela fase de parecer não ser real. Tem-se consciência da verdade, mas ao mesmo tempo queremos inconscientemente rejeitá-la. Porém, isso não é possível e a realidade acaba por dolorosamente se instalar.
Aí começa a dor impiedosa. Perde-se o controlo dos sentimentos.
Nasce a aflição, o desalento, o horror do desconhecido, o desespero.
Vêm as lágrimas que não se conseguem suster, a infinita tristeza, o medo e os receios, a angústia, o silêncio, a solidão, a revolta, a derradeira pergunta – Porquê, eu?
Quantas vezes se pede ajuda ao nosso anjinho da guarda, protecção… mesmo sem que até aí ele tenha sido lembrado.
A luta começa feroz, amarga e lenta.
Segue-se por um caminho incerto a que a cada passo há que saltar as pedras nele soltas. Às vezes tropeça-se, cai-se e o esforço para de novo se levantar, exige de tanta força que nunca se pensou poder existir. Rebusca-se no interior toda a coragem possível. O tempo corre devagar, num jeito de eternidade. Caminha-se na escuridão de negros pensamentos.
Ao lado de tudo isto, junta-se uma luzinha ténue, quase imperceptível - a esperança.
Lutaste. Foi difícil, medonho, arrasador, mas venceste.
De novo cruzas a ponte em direcção do brilho da luz do dia, dando a boa notícia.
És barco que não naufragou.
És flor singela que de novo desabrochou.
Nem todos podem dizer o mesmo.
Nem todos sentem essa sublime felicidade.
Hoje podes dizer que a tua fortaleza não é construída de grãos de areia, pronta a desmoronar-se à mais leve brisa soprada.
Hoje foi para ti que escrevi minha amiga.
Hoje quero desejar-te uma vida doce como tu.
Hoje estou feliz por ti.
Hoje talvez seja certo dizer que pode ser o primeiro dia do resto da tua vida.
Mafalda, 1 de Outubro de 2010
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. A pena do gabbiano deslis...
. O BEIJO
. Casa Arrumada... Desarrum...