Cheira a Verão… cheira a férias… a calor… cheira a Sol e a Mar. Pelas praias, sentem-se os cheiros misturados dos vários cremes protectores… nos salpicos que nos refrescam da ondulação que em espuma branca se desfaz na areia, cheira a maresia e no sentido da memória, cheira aos fritos adocicados da Bola de Berlim.
Nos bancos dos jardins, onde se procura o acolhimento da sombra da copa de uma árvore, cheira à magnólia florida, cheira a rosas e a cravos nos canteiros, cheira a lírios e à ervilha-de-cheiro que se enrola pela armação do pequeno lago. Um misto de aromas que nos inebria e cheira a sonhos… sonhos que nos despertam para a vida.
Nas casas abrigam-se os cheiros dos frutos apetitosos… o pêssego suculento, o melão de sabor fresco e a melancia tão cheia de charme.
Pela cálida e calma noite que chega, cheira à doce madressilva e à glicínia frondosa.
Nos campos cheira a alecrim e a rosmaninho e pela madrugada cheira ao cheiro do pão fresco.
Ao olfacto apurado, surge um outro cheiro… cheira a fumo… cheira a lenha queimada.
Não é o cheiro do churrasco que esse é de carvão, nem à lareira acesa que essa só no Inverno.
São as florestas a arder… aqui… ali… além e ainda mais além.
São as árvores a morrer numa horrenda agonia, numa afronta ao ambiente que desolado se torna.
São os homens cansados e suados de coração arrefecido por tanto calor enfrentado, pela impotência sentida de não poder acudir, pela dor de assistir a alguns companheiros perder.
Bravos Homens Estes!
Homens de alma apetrechada de coragem, mas mal apetrechados de meios industriais que mais não possuem e nem têm como exigir.
E quem pode, assiste simplesmente abrigado no seu conforto… promete fingindo uma mágoa que não sente e nada faz.
No próximo Verão tudo voltará a ser como agora… e nós vamos ficando de cada vez, mais tristemente empobrecidos, porque a nossa floresta arde em fogo que se vê, se sente e não se apaga.
Mafalda, 13 de Agosto de 2010
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