Já tinha adormecido, talvez não profundamente.
Acordei, pareceu-me, com um barulho que não identifiquei ao mesmo tempo que sentia a cama tremer. A casa tremia.
Apercebi-me de que era um sismo. Sentei-me na cama assustada. Vi luz em casa acesa. Saltei da cama e chamei pelos meus filhos e logo um me respondeu ao mesmo tempo que vinha ao meu encontro – é um tremor de terra sim, mãe.
Ficámos expectantes, em silêncio, a respiração quase suspensa sentindo o chão que debaixo dos nossos pés abanava.
Uma velinha, possivelmente mal segura caiu, o candeeiro da sala balançou.
Por fim, tudo se aquietou.
Consultámos a net que já noticiava um sismo, na escala de seis, com epicentro no Oceano Atlântico a cerca de 100 Km do Cabo de S. Vicente e de 260 Km de Lisboa.
Tinha sido bem grandinho e dado para assustar de verdade.
Quando cá em casa conseguimos sossegar, a mim custou-me a adormecer.
Pensei em todas as regras de segurança que nunca lembramos. Ter sempre uma lanterna á cabeceira, calçado para usar e algo para vestir rapidamente bem à beira da cama.
Lembrei-me como perante estas forças da natureza, nós que julgamos controlar tudo, somos tão pequeninos e tão completamente impotentes.
Como tantas vezes nos preocupamos em acumular bens materiais desnecessários, em vez de viver em pleno, cada momento, em vez de deixar para viver amanhã seja o que for, pois quem sabe se o amanhã existe.
Nestas alturas, creio que todos nós pensamos o mesmo, mas o ser humano tem memória curta e desperdiça em demasia um bem precioso – TEMPO.
“É irrecuperável o único capital que todos nós esbanjamos; O Tempo!”
António Vieira
Mafalda, 17 de Dezembro de 2009
(foto minha)
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