A aldeia da minha mãe, na Serra da Lousã, chama-se Malhadas da Serra é Freguesia de Pessegueiro, concelho de Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra.
Malhadas da Serra - Malhadas da Serra é uma pequena povoação localizada na Beira Interior, no Distrito de Coimbra, Concelho de Pampilhosa da Serra e Freguesia de Pessegueiro. A sua situação geográfica é a seguinte: Latitude 40,09° Norte e Longitude 8,04° Oeste.
Hoje tudo na aldeia é diferente da sua origem, só mesmo a localização se mantém. Em meados do século XVIII, já atribuiam a Malhadas da Serra uma certa importância, pois dos 72 fogos existentes na freguesia de Pessegueiro, 11 pertenciam a Malhadas da Serra.
Texto retirado da Net_Pampilhosense
De facto lembro-me de ouvir a minha mãe falar das Cortes, a que o meu avô, que já não conheci, pertencia e nada a que à aldeia dissesse respeito, se decidia sem que fosse ouvido. Sinal que existia uma organização ancestral que se perpétuava.
Hoje a aldeia da minha mãe já não é asim!
O interior das casas foi modificado. Já têm água canalizada, electricidade, telefone. Há frigorificos, televisões, ferros de engomar e mesmo máquinas de lavar roupa. Cozinha-se a gás e as panelas de ferro preto são agora, nos casos de bom senso, bonitas floreiras ou vasos de plantas aromáticas como a salsa, os coentros, a hortelã...
O seu acesso continua a ser efectuado pelo mesmo caminho, agora devidamente alcatroado.
São os sinais do progresso que também lá chegaram e deram aos seus habitantes os benefícios do conforto e os tiraram do isolamento.
Nada tenho contra isso! São os princípios básicos a que todo o ser humamo tem direito.
Arrepiei-me literalmente ao ouvir, no passado mês, a notícia de que em pleno século XXI e neste tão pequeno país, existia ainda uma aldeia onde a electricidade não tinha nunca chegado – Casas da Serra, Boticas (esperança de que seja apenas esta).
No entanto, as casas também se modificaram por fora. Já não são construídas de xisto (lousa ou ardósia). Reconstruíram-nas de tijolo, pintaram-nas de branco, iguais a quaisquer outras.
Como tantas pelo nosso Portugal do interior, ela é agora mais desertificada e a população envelhecida. Várias são as causas desta situação. Aponta-se que uma delas terá sido a saída dos rapazes em idade do cumprimento do serviço militar e que não voltaram.
O rio continua lá, a paisagem também. O silêncio, o cheiro das flores campestres, o mesmo céu imenso iluminado de estrelas.
Mas a aldeia que eu conheci perdeu um pouco da sua identidade.
Felizmente, nos últimos tempos houve a consciencialização de que era necessário preservar o que é característico de cada região, sem que isso colida com o bem estar das populações.
Existe já uma protecção às aldeias de xisto e a preocupação de as dar a conhecer.
Em 2006 estive uns dias na cidade da Lousã e soube pelos seus habitantes que bem perto existiam já duas aldeias, uma que por se encontrar abandonada, foi toda reconstruida e outra embora construida de raíz, constituiam pontos turísticos para dar a conhecer as vivências, os sabores, os olhares das aldeias primitivas.
Assim me foi dito, assim eu transmito.
Infelizmente mesmo com as explicações dadas, não as consegui encontrar.
Hoje as aldeias da freguesia e do concelho e de outros também podemos encontrá-las facilmente divulgadas na net, fazendo parte de rotas aconselháveis a quem as queira conhecer e integradas também em áreas protegidas.
E posso afirmar sinceramente que ainda vale a pena.
Mafalda, 8 de Dezembro de 2009
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