Da minha janela, daquela de onde avisto um pouco do Rio Tejo, vi passar acima do meu quinto andar um saco de plástico voando pelas asas do vento.
Levava rumo incerto e deveras inesperado ao caminho que lhe estava destinado.
Que inveja me fez aquele saco de plástico!
Mafalda, 28 de Fevereiro de 2011
Dentro de todos nós há um coração que bate devagarinho ou apressado, que sente, que ri e que chora.
Dentro de todos nós há um cérebro que pensa, que racionaliza, que aconselha.
Entre eles há sempre um diálogo, um debate, às vezes um conflito.
Quem vence?
Depende de cada um de nós. Depende das questões, dos tempos, do sentir.
Nem sempre seguimos o caminho daquele – o coração ou o cérebro - que aponta para a melhor solução.
Fora com o coração que lhes prometera ser sempre uma mãe atenta e presente e lhes afirmara que seria também meio pai. Fora com o coração que lhes pedira que vissem nela a sua melhor amiga, que confiassem sem preconceitos, sem tabus.
Algo se distorceu pelo caminho porque os preconceitos existem. Curiosamente, esses não eram dela.
Agora, muito pouco ou nada adiantava procurar as razões, mas questionava-se se teria havido demasiado coração a falar mais alto, impedindo que tivesse escutado também o cérebro.
___________________________________________
"Porque tudo tem que ser assim tão difícil para mim?"
___________________________________________
Que tristeza me dá se os sinto magoados!
Que frustração me dá a impotência de não ajudar!
Que raiva me dá não poder “castigar” quem mos magoa!
Mafalda, 27 de Fevereiro de 2011
Atravessei a Ponte 25 de Abril (nunca entendi porque mudam o nome de baptismo às coisas), dei uma olhadela pela vista da minha linda cidade que dela se pode apreciar, meti-me na A5 e saí para Linda-a-Velha.
Património da Câmara Municipal de Oeiras existe aí um palácio chamado de Palácio dos Arciprestes, pertencente à Fundação Marquês de Pombal, sendo na actualidade um espaço cultural do município.
É neste lugar, gentilmente posto à disposição pelo seu presidente, que os Jograis Nova Atena, coordenados por Elisabete Castel-Branco, da Nova Atena – Associação para a inclusão e bem-estar da pessoa sénior pela cultura e arte de Linda-a-Velha (na prática uma universidade sénior com outro estatuto), fazem regularmente as suas apresentações, sendo as mesmas sempre subordinadas a um tema e por conseguinte com uma natural sequência de poesias.
E naturalmente também, os elementos dos Jograis Nova Atena são alunos daquela instituição.
Ontem, dia 24 de Fevereiro a sessão dos jograis foi dedicada a David Mourão Ferreira e à sua obra. Dia escolhido por ser a data do nascimento do escritor.
Conforme lhes é possível, este grupo procura abrilhantar as suas apresentações com outras artes como a música, onde por vezes se fazem acompanhar de peças ao piano, outras de guitarra e sempre ilustradas por quadros alusivos ao tema, pintados por um dos seus elementos.
E assim, ontem igualmente a sua apresentação foi destacada com a presença da Professora Doutora Teresa Martins Marques, licenciada em Filologia Românica e mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.
Foi aluna na faculdade do professor David Mourão Ferreira de quem se tornou uma estudiosa da sua arte e após a sua morte, foi convidada a efectuar o levantamento e o estudo do espólio literário do escritor, sendo a sua obra o objecto da sua defesa de tese, já concluída, mas ainda não defendida.
"Na poesia davidiana o sujeito não ama porque existe, mas para que exista. E existe para sentir, por vezes, o prazer de se dissolver e ciclicamente renascer."
Teresa Martins Marques
Não se tratou de uma conferência da professora. Foi mais uma participação informal que na primeira parte faz uma abordagem mais geral da obra do poeta e da sua pessoa, seguida de uma interpretação aos poemas que passo a passo iam sendo lidos.
David Mourão Ferreira, conhecido como o poeta do amor e da mulher, ao contrário daquilo que possa ter parecido, em parte por sua própria postura que vendia de si uma imagem que não lhe correspondia - dizia a professora com graça que ele afirmava que os homens não gostavam dele. Porquê? Porque estava sempre rodeado de mulheres - era um homem muito mais completo e complexo, angustiado e sofrendo a solidão.
No entanto o amor presente na sua obra era mais que isso. Era paixão e muito raramente dedicada à mulher, mas sim e principalmente à sua Arte.
A sua infância passada num ambiente de austeridade e secretismo e o nascimento do seu irmão mais novo, de quem sempre sentiu ciúme que não conseguiu superar, marcaram-no profundamente.
Nunca se consegue libertar da figura do destino no qual acreditava e a que se rendia e tudo era como um círculo, um redondo onde no final, o fim se junta ao princípio.
É por isso que da sua obra, onde a metáfora é sempre uma constante e onde abarca as mais diversas emoções e questões, desde a ternura ao sarcasmo, é publicada primeiro as obras mais recentes e só depois as obras mais antigas.
Maria Lisboa – David Mourão Ferreira
É varina, usa chinela.
Tem movimentos de gata.
Na canastra, a caravela.
No coração, a fragata.
Em vez de corvos, no xaile
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.
É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira;
e, nas veias, o latido
do motor de uma traineira.
Vende sonhos e maresia,
tempestades apregoa…
Seu nome próprio, Maria,
Seu apelido, Lisboa.
Um elogio à simplicidade e à cidade que ama.
David Mourão Ferreira é isto? É, mas não só! É muito mais!
Tudo isto aprendi ontem, o que prova, empregando uma frase feita que nunca é tarde para aprender, mas sobretudo prova o quanto devemos estar sempre dispostos para novas aprendizagens, porque é conjugando o verbo aprender que se vai vivendo.
Sou uma pessoa simples.
Não fui, não sou e não serei nunca uma intelectual, mas gosto e julgo saber ver o que é belo.
Fotos da sessão de ontem dos Jograis Nova Atena.
Na foto de cima a Professora Teresa Martins Marques com Eduarda Galhoz, um dos elementos dos jograis e a pintora, o seu quadro alusivo entre ambas.
Na seguinte vários participantes deste grupo de jograis.
Pelo seu bem-estar, atreva-se, dedique-se, participe em actividades que lhe dêem prazer e viva mais feliz e livre.
Mafalda, 25 de Fevereiro de 2011
Veio daqui - http://divclube.blogs.sapo.pt/82972.html
Autora da foto - Manu
Nasceu um dia uma flor
Chamou-se de amor-perfeito.
Era lindo e de coração cheio.
Por cada olhar trocado
Por cada beijo roubado
Por cada afago sentido
Por cada abraço oferecido
Nasciam pétalas de flores
Coloridas de diferentes cores
Macias como veludo
Brilhantes como cetim
Delicadas como seda
De vida tão fragilizada
Bastava uma orvalhada
Para logo o amolecer.
Era um perfeito amor
Que de tão perfeito ser
Fora vivendo com pressa
Conjugando o verbo ser.
Foi aos poucos desfalecendo
Aquele tão perfeito amor
Perpetuou-se no tempo
Sendo agora no passado
Um amor tão imperfeito.
Amores-perfeitos by Manu
Mafalda, 16 de Fevereiro de 2011
A sério ou a brincar?
Se um dia eu tivesse um namorado gostaria que fosse como tu…
Assim bonito, inteligente e sensato, com esse olhar meio atrevido, meio doce, com esse sorriso, meio franco, meio provocante, essa barba de três dias que te empresta um ar misterioso, esse cabelo que adoro despentear, com esse sentido de oportunidade… umas vezes apelando ao saber, outras de um humor bem apurado, outras ainda cheio de romantismo, com esse dom de me surpreender, com toda essa capacidade de amar, que te torna tão sensual… mas acima de tudo…, ah, ah, ah, meu amor, com uma conta bancária de milhões de euros para me deixares gastar à vontade.
Ai... ai...! Tanta falta de sensibilidade!
Já vou indo antes de começar a chover hortaliça!!!
Mafalda, 14 de Fevereiro de 2011
Chaves de que trata esta palavra?
Aquele utensílio que abre, ou fecha, portas e que habitualmente todos perguntamos…
Onde terei eu deixado as chaves?
Nas malas das senhoras onde há sempre de tudo e nada se encontra, nos bolsos do casaco que se arrumou, em cima do móvel da entrada onde se larga tudo ou, no lavatório da casa de banho, já que se entrou em casa apressado, no frigorífico imagine-se, porque a gulodice apertou e foi o primeiro lugar da casa procurado, até por distracção, em cima do tejadilho do carro que se põe em marcha e as atira num ápice para o alcatrão da rua.
Bonito de ver é depois ser preciso chamar os bombeiros, a polícia e oferecer aos vizinhos que espreitam pelas janelas e aos transeuntes que ficam especados na rua, uma cena cheia de produção com luzes que piscam e homens de capacete e coletes fluorescentes que sobem desenvoltos uma escada na intenção de entrar por uma janela para poderem abrir a porta.
E apesar de um perímetro de rua ser fechado, ninguém tem a intenção de perder pitada do que se passa, cada qual especulando com a história que terá acontecido.
Uma cena de ficção que por um pouco de tempo, faz esquecer a rotina.
Será que ando a ver muitos filmes do Spielberg?
Nome de variadíssimas e inúmeras ferramentas, utilizadas por técnicos de diversas e muitas profissões.
Há quem a possua e a guarde a sete chaves – a chave para o sucesso.
Quem as use sempre certinhas ou, indiscriminadamente, as chaves nos jogos de azar… e quanta alegria quando se voltam para a sorte.
Metaforicamente, aquelas que abrem as portas do nosso coração, possibilitando mostrar belos sentimentos que nos deixam oferecer sorrisos, amizade, solidariedade, ternura.
Talvez pudesse continuar a inventar outras chaves, mas estou desejosa de falar de uma única e determinada…
A cidade de CHAVES
AQUAE FLAVIAE - (nome do tempo dos romanos)
Essa cidade bela que não conhecia e onde passei o fim de semana de 5 e 6 de Fevereiro.
O convite feito pela Blogando à Libel e estendido à Manu e a myself, nesta ocasião precisa da feira dos Sabores e Saberes.
Quem seria tolo de não aceitar?
E aqui as três meninas, rápido trataram de fazer os planos e amontoar agasalhos com medo do frio.
Enquanto isso a Nanda com toda a sua casa à nossa disposição, preparava-se para nos receber de sorriso e coração aberto, preparando-nos iguarias da sua Terra Natal.
Os cerca de 500 quilómetros que nos separam de Lisboa a Chaves foram percorridos através das auto-estradas A8, A17, A25 e A24, num percurso traçado ao pormenor pelo “amigão” Paulo.
E claro que a boa disposição, os risos, as brincadeiras, não faltaram pelo caminho.
Num clima de dois dias de Sol magnífico e temperaturas de cerca de 17 graus (de dia), passeámo-nos pelas margens do Tâmega que mais parecia um verdadeiro espelho reflectindo sem qualquer distorção, árvores, até o rasto de um avião que bem alto se deslocava, casas e a famosa e lindíssima Ponte Romana ou, Ponte de Trajano com os seus doze arcos (sabendo-se que existem mais quatro soterrados pelo casario e aluviões) e a meio duas torres cilíndricas, uma a jusante e outra a montante.
Esta ponte poderá talvez ser a verdadeira pérola da cidade.
Experimentámos ou tentámos, sentir a temperatura da água da fonte que brota tão quente que queima.
Caminhámos pela Rua da Ponte e Arrabalde, pela parte histórica, pela Rua Direita, pelo Largo dos Pasmados, pelo Largo de Camões, pela Torre de Menagem, pelo Forte de São Francisco, pela antiga e desactivada Estação de caminhos de Ferro da cidade, por tantos lugares que não sei dizer o nome.
Juntou-se a nós a doce Aqua e a sua linda família vindos de Braga e por fim, entrámos no famoso pavilhão da feira, mostra dos famosos produtos regionais.
Provámos os deliciosos pastéis de chaves, encontrámos toda a espécie de enchidos, comprámos alguns, mel Montesino, castanhas, e não resistimos à prova dos licores transmontanos… de casca de noz verde, de frutos vermelhos e ainda de algumas ervas aromáticas com incidência na hortelã.
Tudo isto, guiados pela nossa tão querida e sempre disponível anfitriã – a Nanda.
Não vou falar da gastronomia que provámos. Para isso falam as fotografias que aqui, aqui e aqui ficaram expostas.
A animação ontem lá pelos sítios da Esplanada para Café foi grande.
Quero somente manifestar o meu apreço pela boa hospitalidade que tivemos, pela beleza que contemplámos, pela amizade que vivemos, por tudo quanto os meus olhos registaram e que o meu coração guardou.
Bem hajas Nanda. Pata ti a minha gratidão que a tua amabilidade, e os cheiros da tua cidade ficaram para sempre comigo.
À noite, ao serão de ontem, quase devorei o pacote inteiro dos Fidalguinhos de Braga, oferecidos pela Aqua.
Como gostei de te voltar a ver Aqua!
Às meninas, companheiras de viagem, simplesmente adorei!
Mafalda, 8 de Fevereiro de 2011
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. A pena do gabbiano deslis...
. O BEIJO
. Casa Arrumada... Desarrum...