Domingo, 25 de Julho de 2010
Autor da Foto: Jorge Freitas Soares
Deixou partir um amor, nas asas de uma borboleta.
Era bela e singela a borboleta, vestida de cor e luz,
mas grande era o amor, pesava como uma cruz.
E com suas frágeis asas o levou em voo rasteiro,
não ligeiro, antes cansado, vagaroso e suado.
Subiu as águas do rio até às montanhas chegar
e quase sem mais respirar poisou débil, bem devagar
numa doce cerejeira com lindos frutos vermelhos.
Deixou descair as asas a borboleta singela
e o amor escorregou, tombou, caiu na terra.
Fora um amor esperançoso, agora era magoado.
Mas a terra o acolheu e o embalou como mãe
beijou-lhe os olhos, sugou pra si a humidade
depois estendeu os braços e mostrou-lhe o horizonte
com voz quente do fim do dia cantou canções de amores
longinquos, perdidos, pró amor adormecer.
Dormiu o amor e sonhou.
Sonhou com o seu amor nas asas de borboleta,
com altas montanhas que aos céus rezavam,
com as águas da lagoa murmurando suaves palavras,
com o sol que se escondia e levava consigo o dia
e assim trazia a noite e a enfeitava de estrelas
que convidaram a lua e todos se debruçaram
olhando o amor dormir.
Dormiu sereno o amor em seu tão belo sonho.
Afinal era tudo isto quem mais amava.
Nada que tanto o prendesse como a sua bela terra mãe.
Mafalda, 23 de Julho de 2010
Sexta-feira, 23 de Julho de 2010
Ai Libel
Que infeliz me sinto
Perdi o sorriso pelo caminho
E chego um pouco embaraçada
O Coelho da Pascoa... aquele de chikolate com uma cartola dourada e uma cenoura prateada na mão
Que querias para o Óscariiiii do distakiiii (eu não sei quem é mas tu deves conhecer)
Nem sei como te dizer... é que não me custava nada dar-to
Só que... era de chikolate... e depois tu apressaste-me e eu fiquei nervosa
E ainda menos resisti ao malvado do chikolate
Primeiro foi só uma trinca... depois era só mais uma... e mais outra... e mais outra...
Comi-o todo confesso
PRONTOS JA DISSE
Ufa que isto estava engasgado
Não me ponhas já essa cara
Que não é hora de choro
Senta-te ali na plateia
Que eu cá me arranjo com o discurso
E na qualidade de representante da organização tenho a honra de chamar ao palco a bloguista deste distakiiii
LIBEL
Ei-la que aí vem
Diga-me libel o que significa para si este distakiiii
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Ó vejam como está emocionada... não consegue dizer palavra
Pronto passamos de seguida à entrega do trofeu
Veja que colorido... condiz com o seu cantinho
E para que a inspiração não lhe falte e continue a surpreender, temos ainda a oferta de um precioso auxiliar
Aqui está... pode pegar
E para a festa acabar chamamos ao palco o famoso artista malabarista que actuará especialmente para si, para que guarde deste dia uma feliz lembrança e lhe dê vontade e força pra voltar
Aqui está o nosso artista
E agora uma salva de palmas para a nossa Libelinha
Hipp.. Hipp.. Hurra!!...
Libel toca aí
Quarta-feira, 21 de Julho de 2010
Autor da foto: Reynaldo Monteiro
É sabido que o Homem é um animal de hábitos.
E fazendo parte desta espécie, eu não sou a excepção que confirma a regra.
Considero que os hábitos podem ser salutares e contribuírem para o nosso bem estar físico e equilíbrio emocional.
Também sei que ao contrário, podem ser questionáveis, em especial quando juntos, coabitam diversas pessoas, podendo os hábitos de umas, desagradar ou colidir com a personalidade de outras.
Ter hábitos também não implica que, por via deles, se deixe de fazer coisas diferentes. Se isso acontece, se eles assumirem as rédeas do nosso dia a dia, aí podem tornar-se perigosos. Em extremos, o hábito pode virar obsessão, derivando daí um estado mental capaz de se transformar em doença.
Longe vá o agoiro, que não é sobre nada disso que quero falar.
Mas gozar os hábitos saudáveis, por vezes, faz deles perfeitos
R i t U a i s.
Eu gosto de tomar o meu pequeno almoço com todos os “ss” e “rr”.
É a refeição do dia que preparada por mim, melhor me sabe.
Pôr a mesa onde disponho tudo, desde o pãozinho ou o croissant, a manteiguinha, o queijinho, pode haver mais que uma qualidade, até ao doce em forma de compota ou marmelada (ai, que saudades da marmelada da D. Amélia), algumas vezes até manteiga de amendoim que adoro… Imagine-se só a bomba calórica que aqui vai!
Mas vamos lá a ver, também não é para comer de tudo. É só para estar à mão caso me apeteça uma coisa em vez de outra.
Para acompanhar, depende da ocasião do ano e tanto pode começar por um sumo de laranja à séria, passando ao leite frio tirado do frigorífico, ou ao iogurte, como, no tempo frio, uma chávena de café com leite (mais leite que café), ou de um delicioso chocolate quentinho.
Só depois de tudo preparado me sento à cabeceira da mesa, virada de frente para a janela da marquise, de onde avisto ainda o cimo de uns montes lá ao fundo e de onde nasce o céu.
Habitualmente, isto faço à mesa da cozinha.
Findo que é o repasto, saboreado sem pressa, apetece-me de seguida um café.
Mas, pasme-se, o café também tem o seu quê de requinte e o conjunto de pires e chávena é colocado num prato de sobremesa, protegido por um guardanapo de papel.
Eu sei! Devia ser de pano, mas isso implicava mais trabalho (lavar e passar a ferro).
É mais bonito assim?
É.
Mas não exageremos porque aqui é mais uma questão técnica e tem como finalidade não deixar o pires resvalar e entornar o café.
Tomado à mesa da cozinha?
Não.
Sento-me comodamente no sofá da sala, ligo a televisão e sintonizo o canal 117 ou 118 –
myZen.tv.
E por ali me vou deliciando olhando aquele ecrã que me devolve imagens de tantas belezas naturais de diversos sítios espalhados neste planeta nosso, lugares onde a água, assumindo diversas formas, mar, riachos, lagos, quedas de água, é uma constante e onde a paisagem ou o céu, vaidosamente nela se vêem espelhados.
Só me apetece saltar para dentro da televisão!
E os tão breves instantes que um café leva a ser bebido, prolongam-se por quinze ou vinte minutos.
Enquanto isso em imaginação viajo e a minha mente distancia-se de tudo que não seja aquele único momento, tornando-se no meu verdadeiro
MOMENTO ZEN DO DIA.
Tantas vezes penso como me apetecia escrever e descrever tanta beleza que meus olhos vislumbram, se para isso tivesse a necessária capacidade.
Encontrar as palavras certas, adequadas, não é empresa fácil e o melhor é nem tentar.
Mas se um dia me atrevesse, se um dia conseguisse, seria sem dúvida a melhor maneira de encerrar este blogue.
Fechá-lo em Beleza, cheia de cor, luz e som, transformada em palavras.
Mafalda, 21 de Julho de 2010
Quinta-feira, 15 de Julho de 2010
- Fica comigo esta noite.
- Fiquei ontem. Divertimo-nos. Lembras-te?
- Claro que sim! Mas hoje preciso mais. Fica, peço-te.
- E que farei eu aqui, sabes-me dizer?
- Fazias-me companhia. Não vês como estou só?
- Acaso alguma vez me viste com alguém assim, como tu te sentes hoje?
- Não, isso é verdade, mas contigo eu mudo.
- Acho que não. Vou andando.
- Espera! Não vás. Podias dançar para mim. Eu ouvia-te cantarolar enquanto rodopiavas, seguia as sombras caprichosas do teu vulto e sorria. Admirava os movimentos do teu corpo descalço reflectidos no esvoaçar do teu vestido amplo e branco numa imagem de…
- E choravas!
- Não, prometo que não. Se ficares eu juro que não.
- Conheço esse olhar. Sabes que não nasci para isto. Nasci para cantar, sorrir, dançar, saltar, divertir-me, rir, admirar o belo, ser alegre. Que mal há nisso?
- Absolutamente nenhum! Por isso me fazes bem.
- A minha finalidade é viver, não é consolar.
Hoje não é meu dia de ficar. Fala com a Santa Bondade ou a D. Compreensão. Elas sim estão bem para ti.
Agora desculpa, mas vou mesmo sair.
Fechou a porta atrás de si e foi embora a Maria Alegria.
Ficou o silêncio.
Olhei para o lado, vi a Santa Bondade que deitada dormitava. Não me atrevi a incomodá-la.
O eco violento devolveu-me as palavras – “E choravas!”.
Levantei-me de rompante, rapidamente percorri a meia dúzia de passos que me levaram à janela aberta.
- Pois agora não choro! É que não choro mesmo! Nem que eu tenha que partir a loiça toda, mas nem uma lágrima sequer há-de assomar aos meus olhos.
Da rua chegou-me o ar fresco e um pouco húmido da noite. Arrepiei-me e de certo modo acordei.
Nem que eu parta a loiça toda – pensei.
Que prazer me daria agarrar nos pratos de tantos anos e atirá-los janela fora, ouvi-los estilhaçarem-se em mil pedaços na rua.
Uma a uma acender-se-iam as luzes das casas e cabeças espreitariam querendo perceber o que se passava.
Talvez chamassem a polícia pensando tratar-se de violência doméstica, ou me apelidassem de louca por aquele acto isolado.
Porque não podemos fazer coisas diferentes sem sermos logo catalogados?
Além disso trazer-me-ia um outro prazer. Ter um novo look na minha loiça.
Doida não estou ainda, mas talvez não falte muito reflecti, pois não consigo deixar de pensar em quanta satisfação esse acto me traria.
Será normal?
Normal? Que convenções nos atiram ou afastam da normalidade?
Ser normal é não ser livre.
Mas a minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros.
Devo então sentir-me prisioneira?
O relógio bateu as duas horas da madrugada e lá no céu a Lua piscou-me o olho.
Foi então que compreendi e desatei a rir à gargalhada.
- Eu logo vi que já eram horas das filosofias baratas e de alucinações.
E enquanto ria divertida do ridículo dos meus pensamentos, ouvi bater à porta.
Não abri, nem espreitei para ver quem era.
Disse apenas:
- Estou bem. Agora não preciso de ti. Já parti a loiça toda.
Mafalda, 15 de Julho de 2010
(foto da net)
Domingo, 11 de Julho de 2010
Não sei qual dos dois é mais belo, se um pôr-do-sol, se o nascer.
São diferentes apenas.
Enquanto o primeiro sabe a fim, o segundo tem o gosto do princípio.
Lentamente a escuridão da noite faz um convite a uma claridade ténue que como por magia, faz desaparecer as estrelas.
É uma luz quase imperceptível no início, mas transportando um vigor, uma energia que nos invade e contagia. E de mansinho vai crescendo, trazendo consigo promessas e esperança.
Por fim, ainda tímido e sonolento, lá para os lados do Este, surge o rebordo de um círculo alaranjado de um Sol que se erguerá vitorioso.
Um novo dia começa para mim e para ti que me lês, para todos, esperando um novo amanhã.
Só preciso dos pés bem assentes na Terra e os olhos postos no Céu, no horizonte, naquele baloiço vazio que ainda se move, naquela flor que se abriu, naquele sorriso que me deram, naquele odor de caramelo que inspiro, naquela bola que ganhou vida e rebola.
Um novo dia que ganhei.
Toma. Ofereço-te. É teu também.
Mafalda, 11 de Julho de 2010
Sábado, 10 de Julho de 2010
Queridos Amigos,
Sei que vossas vidas estão sobreocupadas
mas
foi com imensa fé que abracei
a ideia de minha doce amiga Maria Luísa Adães
http://premios-prosa-poetica.blogs.sapo.pt
Custa tão poucouma pequena precea favorda cura do cancroBasta que mantenhasesta vela sempre acesae a vás passando ininterruptamente
Leva-a contigo !!!
Com ternura
Margarida
Quinta-feira, 1 de Julho de 2010
Tagarelámos por meia hora na cadeira de baloiço assente no teu jardim.
E num repente levantas-te.
- Vou regar minhas plantinhas!
- Não precisam Maria, ainda ontem… e o tempo não está quente assim.
Remexes a terra.
- Está tudo seco – respondes.
Fico pensando de onde te vem esse gosto pela terra. Herança de nossos pais? Ou tão somente prazer teu.
Preguiçosamente continuo me baloiçando.
Observo os teus olhos.
Não estão tristes nem cansados. Brilham! Será reflexo?
Entre a terra e as plantas, conduzida pela água, existe em ti uma ligação forte e vibrante.
É belo só de olhar!
Mafalda, 1 de Julho de 2010
(foto minha)
P.S. – Querida Lai, sinto um verdadeiro pavor só de imaginar que um dia posso ser obrigada a ter de passar sem ti.