Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2009

BOM ANO

Para Todos

 

 

Não se esqueçam de pedir os vossos desejos...

mas também de traçar novos objectivos

Eu já tenho um que um Amigo me mostrou

No próximo Ano vou dizer ainda muito mais vezes,

com muita alegria...

simplesmente...

GOSTO DE TI


publicado por mafalda-momentos às 12:15
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Domingo, 27 de Dezembro de 2009

Aos meus três amores...

 

Lembra-te de mim

 

 

Se um dia

vires um filme, leres um livro, assistires a um

qualquer concerto, sentires vontade de dançar,

ou mesmo, sem escutares, ouvires um coro cantando...

Lembra-te de mim

 

Se um dia

partires em viagem, para longe ou para perto,

vires lugares inesquecíveis que guardarás na memória,

conheceres gentes diferentes e te sentires abençoado...

Lembra-te de mim

 

Se um dia

em silêncio contemplares o oceanoo no horizonte

se unindo ao céu, amares e fores amado, ou

amares e fores rejeitado, te sentires só, ou

num simples olhar encontrares aconchego...

Lembra-te de mim

 

Se um dia

te sentires triste e achares que a vida te corre do lado

contrário ao desejado, te cruzares com a injustiça e a

fealdade do mundo, ou te sentires alegre por uma

pequenina victória, ou simplesmente por nada...

Lembra-te e mim

 

Se um dia

pela primeira vez  em teus braços embalares

um pequenino ser, talvez sentindo lágrimas nos olhos,

e cheio de ternura  em seu rosto deres um beijo...

Lembra-te de mim

 

Se um dia

o teu coração chorar ao ver alguém que ames partir

para aquele lugar de onde não mais se volta...

Se me vires partir a mim também...

Lembra-te de mim

 

Lembra-te de mim

pois tudo isto eu já vivi

mas vivi de verdade com paixão e intensidade

no brilho do sol, ou no cinzento da tempestade

e valeu a pena

 

Guarda bem o bom da vida e aprende. Ri, chora, grita,

decide, luta, ousa, caminha porque o tempo que passa

se torna irrecuperável, reconhece e assume teus erros

pede desculpa se for preciso e mesmo triste, não

guardes  mágoa porque ela corroe a alma

dá um bocadinho de ti a quem de ti precisar

sê sempre tu verdadeiro e único.

Vive, não passes pela vida apenas

 

E se te lembrares de mim

faz da minha lembrança o teu apoio, o teu conforto

guarda-me em teu coração e aí onde a memória

não esquece, eu continuarei vivendo

E sempre junto

de Ti,

de Ti

e de Ti

estarei,

sempre te amando, jamais te abandonando.

 

Com todo o meu amor, a tua simplesmente mãe.

 

 

 

Mafalda, 24 de Dezembro de 2009


publicado por mafalda-momentos às 19:24
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Domingo, 20 de Dezembro de 2009

É Tempo de Natal

 

Natal a época do ano mais festiva em todo o mundo, em todas as idades, em muitas religiões, na maior parte das raças. 

Algo de misterioso, de mágico que desperta em nós os mais puros sentimentos, nos faz oferecer os maiores sorrisos, nos une em causas solidárias que por todo o lado nascem em nome de um Natal mais feliz para os mais desprotegidos e nos reúne no amor e na alegria do seio familiar.

Enfeitamos e iluminamos as nossas casas. Fazemos delas um lar cheio de aconchego onde todos encontram paz. Abrimos as suas portas, e os nossos corações.

 

  

 

E lá dentro não falta a árvore de natal e o presépio que montámos com as nossas crianças dando asas à sua fantasia e que de olhar encantado, fazendo as nossas delicias, giram em volta dos embrulhos de papéis coloridos e de laços enfeitados.

  

Na noite de Natal a mesa enche-se das mais gostosas iguarias, desde o tradicional bacalhau cozido com couve portuguesa, aos mais deliciosos doces e frutas, únicos nesta quadra que só de olhar nos faz crescer água na boca.

E para maior conforto e total encanto a lareira decorada, onde não faltam as velinhas e as meias penduradas, acende-se enchendo de calor o espaço e o crepitar da lenha que arde, dá vida à nossa festa.

 

O Natal enche a nossa casa de amor, harmonia, de cor, brilho e calor.

E caindo no lugar comum que todos dizemos e ouvimos, pensamos como seria bom que os 365 dias do ano fossem Natal.

 

Mas... há sempre uma mas, o Natal não é assim feliz para todo o ser humano.

Porque há quem nestes dias tenha fome e frio.

Porque há quem nestes dias seja soldado de uma guerra qualquer.

Porque há quem nestes dias tenha a alma destroçada pelo sofrimento físico ou psicológico.

E nem todas as causas justas e solidárias que se possam inventar, chegam para tornar a Terra num Mundo melhor.

 

Neste Natal eu desejo que todos aqueles que se deslocam para abraçar os seus entes queridos, com eles  e em alegria celebrarem esta festa da família, vão e voltem em segurança, e de coração mais rico.

Que todo aquele, cuja alma sofre de solidão, possa encontrar em algum canto, nalgum momento, um sorriso de paz, de conforto.

 

Para os meus queridos amigos, os do lado de lá deste monitor, os deste lado sem excepção, a toda a minha família que adoro, eu quero deixar um presente simbólico, pequenino, mas o melhor que tenho para dar.

A todos deixo uns pózinhos de esperança, daquela esperança que habita no meu coração e que através dos tempos tem sido minha companheira constante e dedicada.

Bem acondicionados do meu jeitinho, com toda a minha entrega, aqui vão eles 

 

  

Feliz Natal,

com muita alegria e amor,

cheio de magia e encanto,

dos sabores mais gostosos

e claro que não faltem os presentinhos especiais,

aqueles que com muito carinho pedimos ao Pai Natal.

 

 

 

E como Natal não é Natal sem escutar uma canção...

Noite Feliz, Noite Feliz...

 

 

 

Mafalda, 20 de Dezembro de 2009


publicado por mafalda-momentos às 12:30
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Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009

Posso confiar?

 

 

 

 

 

 

Segurei teu rosto em minhas mãos

e disse-te um dia, sorrindo

olha para mim, olha-me nos olhos

e escuta o que te quero dizer.

Tu sorriste entre o tímido e o curioso,

receoso sem saber o que aí vinha.

Enquanto em teu olhar mergulhava,

perguntei

eu quero confiar... Posso?

Soltaste uma gargalhada

despretensiosa e aliviada.

Sabes que sim! Sempre!

Confiar de verdade? Prometes?

Abraçando-me com carinho

prometeste.

E o tempo foi passando

e eu confiando.

E o tempo foi passando

e eu dando-te espaço.

E o tempo foi passando

e eu inquieta, duvidando.

E o tempo foi passando

e um dia perguntei-te

não posso confiar pois não?

E tu respondeste...

 ... não.

 

 

Mafalda, 18 de Dezembro de 2009

 

(foto da net)

 

 

 


publicado por mafalda-momentos às 13:55
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Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009

E a terra tremeu

 

 

 

 

Já tinha adormecido, talvez não profundamente.

Acordei, pareceu-me, com um barulho que não identifiquei ao mesmo tempo que sentia a cama tremer. A casa tremia.

Apercebi-me de que era um sismo. Sentei-me na cama assustada. Vi luz em casa acesa. Saltei da cama e chamei pelos meus filhos e logo um me respondeu ao mesmo tempo que vinha ao meu encontro – é um tremor de terra sim, mãe.

Ficámos expectantes, em silêncio, a respiração quase suspensa sentindo o chão que debaixo dos nossos pés abanava.

Uma velinha, possivelmente mal segura caiu, o candeeiro da sala balançou.

Por fim, tudo se aquietou.

Consultámos a net que já noticiava um sismo, na escala de seis, com epicentro no Oceano Atlântico a cerca de 100 Km do Cabo de S. Vicente e de 260 Km de Lisboa.

Tinha sido bem grandinho e dado para assustar de verdade.

Quando cá em casa conseguimos sossegar, a mim custou-me a adormecer.

Pensei em todas as regras de segurança que nunca lembramos. Ter sempre uma lanterna á cabeceira, calçado para usar e algo para vestir rapidamente bem à beira da cama.

Lembrei-me como perante estas forças da natureza, nós que julgamos controlar tudo, somos tão pequeninos e tão completamente impotentes.

Como tantas vezes nos preocupamos em acumular bens materiais desnecessários, em vez de viver em pleno, cada momento, em vez de deixar para viver amanhã seja o que for, pois quem sabe se o amanhã existe.

Nestas alturas, creio que todos nós pensamos o mesmo, mas o ser humano tem memória curta e desperdiça em demasia um bem precioso – TEMPO.

 

“É irrecuperável o único capital que todos nós esbanjamos; O Tempo!”

António Vieira

 

Mafalda, 17 de Dezembro de 2009

 

(foto minha)

 

 


publicado por mafalda-momentos às 11:31
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Terça-feira, 8 de Dezembro de 2009

Ainda a aldeia da minha mãe

 

A aldeia da minha mãe, na Serra da Lousã, chama-se Malhadas da Serra é Freguesia de Pessegueiro, concelho de Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra.

 

Malhadas da Serra - Malhadas da Serra é uma pequena povoação localizada na Beira Interior, no Distrito de Coimbra, Concelho de Pampilhosa da Serra e Freguesia de Pessegueiro. A sua situação geográfica é a seguinte: Latitude 40,09° Norte e Longitude 8,04° Oeste.
        Hoje tudo na aldeia é diferente da sua origem, só mesmo a localização se mantém. Em meados do século XVIII, já atribuiam a Malhadas da Serra uma certa importância, pois dos 72 fogos existentes na freguesia de Pessegueiro, 11 pertenciam a Malhadas da Serra.

Texto retirado da Net_Pampilhosense

De facto lembro-me de ouvir a minha mãe falar das Cortes, a que o meu avô, que já não conheci, pertencia e nada a que à aldeia dissesse respeito, se decidia sem que fosse ouvido. Sinal que existia uma organização ancestral que se perpétuava.

Hoje a aldeia da minha mãe já não é asim!

O interior das casas foi modificado. Já têm água canalizada, electricidade, telefone. Há frigorificos, televisões, ferros de engomar e mesmo máquinas de lavar roupa. Cozinha-se a gás e as panelas de ferro preto são agora, nos casos de bom senso, bonitas floreiras ou vasos de plantas aromáticas como a salsa, os coentros, a hortelã...

As lareiras ainda se acendem juntando-se as pessoas em seu redor, mas já não se erguem do chão.

O seu acesso continua a ser efectuado pelo mesmo caminho, agora devidamente alcatroado.

São os sinais do progresso que também lá chegaram e deram aos seus habitantes os benefícios do conforto e os tiraram do isolamento.

Nada tenho contra isso! São os princípios básicos a que todo o ser humamo tem direito.

Arrepiei-me literalmente ao ouvir, no passado mês, a notícia de que em pleno século XXI e neste tão pequeno país, existia ainda uma aldeia onde a electricidade não tinha nunca chegado – Casas da Serra, Boticas (esperança de que seja apenas esta).

No entanto, as casas também se modificaram por fora. Já não são construídas de xisto (lousa ou ardósia). Reconstruíram-nas de tijolo, pintaram-nas de branco, iguais a quaisquer outras.

Como tantas pelo nosso Portugal  do interior, ela é agora mais desertificada e a população envelhecida. Várias são as causas desta situação. Aponta-se que uma delas terá sido a saída dos rapazes em idade do cumprimento do serviço militar e que não voltaram.

O rio continua lá, a paisagem também. O silêncio, o cheiro das flores campestres, o mesmo céu imenso iluminado de estrelas.

Mas a aldeia que eu conheci perdeu um pouco da sua identidade.

Felizmente, nos últimos tempos houve a consciencialização de que era necessário preservar o que é característico de cada região, sem que isso colida com o bem estar das populações.

Existe já uma protecção às aldeias de xisto e a preocupação de as dar a conhecer.

Em 2006 estive uns dias na cidade da Lousã e soube pelos seus habitantes que bem perto existiam já duas aldeias, uma que por se encontrar abandonada, foi toda reconstruida e outra embora construida de raíz, constituiam pontos turísticos para dar a conhecer as vivências, os sabores, os olhares das aldeias primitivas.

Assim me foi dito, assim eu transmito.

Infelizmente mesmo com as explicações dadas, não as consegui encontrar.

Hoje as aldeias da freguesia e do concelho e de outros também podemos encontrá-las facilmente divulgadas na net, fazendo parte de rotas aconselháveis a quem as queira conhecer e integradas também em áreas protegidas.

E posso afirmar sinceramente que ainda vale a pena.

 

Mafalda, 8 de Dezembro de 2009

 


publicado por mafalda-momentos às 19:42
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Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2009

DESAFIO EM CADEIA - continuação

 

 

 

DESAFIO EM CADEIA ROUND 4 

SIMPLICIDADE

 

Há dias assim... que nos dão sorrisos... que nos deixam a pairar nas nuvens... que nos trazem felicidade, mesmo nas mais pequenas coisas.

Foi assim no Domingo passado.

Não escondo o quanto fiquei satisfeita por ter sido a destacada neste round 4 do Desafio em Cadeia.

Não tenho qualquer dúvida que pelas mãos (palavras) da Libel, recebi um lindo presente de Natal e ás vezes apenas precisamos que uma coisa simples nos aconteça para nos voltarmos a lembrar que a vida é preenchida de pequenos grandes nadas que nos alimentam a boa disposição e nos fazem caminhar bem em frente.

 

Tenho acompanhado desde o round 2 este Desafio e tem-me dado prazer ler os textos lindos que de cada um têm surgido. Também tem sido gratificante ver como a cada round, novos elos se têm entrelaçado nesta cadeia e assistir ao cimentar da amizade que através deles tem passado.

Apesar do incentivo da Libel não me sentia com muita coragem para participar e levei dias com reticências, até que pensei – Raios! Não és mulher não és nada...!

Foi sem tirar nem pôr esta a expressão que me veio ao pensamento e me levou a ousar juntar-me a este lindo desafio.

 

Creio que aqui somos todos apenas participantes e que o destaque apesar de nos deixar naturalmente felizes é mais um meio de fazer com que ele não se quebre na responsabilidade de o fazer continuar e crescer. De incentivar a que mais elos se encadeiem naquele que de propósito fica aberto para que os novos se possam juntar. Venha mais um... venham muitos... venham todos que vierem por bem... tragam o vosso sentir e entrem dispostos a oferecer amizade e generosidade.

 

Quero daqui deixar um abraço especial a todos os participantes deste round 4, mesmo áqueles que não conheço, dizer-vos que muito prazer me dará encontrar-vos a todos no próximo e que conto convosco para dar brilho, luz e cor á minha nova tarefa.

Dar-lhe-ei toda a minha atenção, toda a minha vontade de fazer o meu melhor. Assim me ajude o engenho e a arte.

 

aqui encontramos

Tangerina.... sumarenta, desculpa a familiaridade, mas é assim que te vejo chamarem lá na esplanada, que em seu belo poema, fez dela o seu grito de amor ao mundo a quem chamou de seu namorado

Sindarin   que fez da simplicidade uma coisa especial e a integrou na grandiosidade da capacidade de mudar as coisas

Lovenox  inovador na escolha dos seus temas e no modo como os coloca levando-nos á interacção que em seu conto nos mostra que mesmo na abundância nos devemos lembrar e guardar a grandeza dos princípios simples que nos ensinaram as bases

Green.Eyes que em  boa verdade a chamou de complexa sim... de tão simples que é, por vezes nem a notamos e tornamo-la complicada

Entremares que por cada letra compõe um hino á ansiedade de quem espera pelo paraíso de um simples e desejado reencontro

  e aqui encontramos

Manu (sabes que tenho passeado pelo teu cantinho?) que nos deixa um diálogo com o confuso em que cora e se sente envergonhada por não entender, mas que encantada, a eterniza nos momentos mais simples

 a Regina D`Ávila que na agonia e no desespero de uma dor sem limites, encontra, após um desfecho bem sucedido, a paz e a tranquilidade na mudança para um modo de vida simples, sem ostentações

e eu que descrevo as minhas lembranças vistas com os meus olhos de criança

 

 

Foi assim que eu vi e interpretei a beleza dos textos.

Mafalda 2 de Dezembro de 2009

(foto da net) 

 

 

A aldeia da minha mãe

 

Lá na aldeia da minha mãe, um lugar pequeno escondido bem lá no fundo dum vale, entre as altas montanhas da bela serra da Lousã, tudo era verdadeiro, genuíno. Corria um rio de águas transparentes e brilhantes sob os raios do sol e no seu caminhar cantarolavam uma melodia para quem a conseguia escutar. Numa das margens, parecia de propósito, formavam uma represa onde as mulheres vinham lavar a roupa. Depois aproveitando a erva verdejante estendiam-na bem direitinha a secar. As casas eram feitas de lousa ou ardósia o que as pintava de preto. Os quartos eram pequenos onde quase só cabia a cama e um lavatório de ferro. Os espaços maiores eram ocupados pela casa de jantar e a cozinha. Nesta havia uma lareira no chão e do tecto pendia uma corrente. Nela se penduravam as panelas de ferro preto com três pés pontiagudos. A um canto da cozinha num móvel de madeira escura e robusta havia dois cântaros de barro semideitados e inclinando-os um pouco deles se retirava a água para beber e cozinhar. A água havia que ir buscá-la ao chafariz que ficava no largo da aldeia. Em cada divisão da casa havia uma janela normalmente de formato quadrado que se abria em duas partes para o lado de fora da casa. Na parte inferior das casas existia uma única divisão ampla a que chamavam de lojas e aqui era onde se faziam os queijos com o leite de ovelha e de cabra e onde ficavam expostos a secar. Guardavam-se também os cereais, as frutas e tudo o que das hortinhas se colhia. Também a carne de porco salgada ou conservada em banha. Mas para mim, o mais espectacular das casas era um simples forno a lenha, de forma arredondada, construído na parte exterior onde se cozia a broa de milho ou de mistura e na altura das festas da aldeia o pãozinho doce e o pão-de-ló. O cabrito com aquelas deliciosas batatinhas... meu Deus do Céu! Nestes dias, o povo juntava-se no Largo da Eira e as moçoilas e os rapazes dançavam e cantavam ao som de uma concertina e entre olhares trocados, namoravam.

As ruas eram inclinadas porque de plana a aldeia nada tinha e revestidas pela mesma pedra das casas. Existia uma única loja a que chamavam de Tenda e desde as mercearias, passando pelas roupas, os remédios até o serviço de correios e acabando na tradicional taverna, tudo e todo o tipo de comércio passava por ali. Ponto de encontro dos homens que ao Domingo após o serviço religioso se juntavam jogando á  bisca e ao dominó. O único telefone que existia na aldeia ali estava também ao serviço da comunidade. Se era preciso chamar o médico, era ali que havia que recorrer. Os carros de bois eram o único meio de transporte para pessoas e géneros, mesmo quando era necessário uma deslocação á vila mais próxima. O acesso á aldeia, da estrada alcatroada que passava bem no alto da serra, era feito por um único caminho de terra e pedras com uma inclinação bem acentuada que chamavam de Lomba e raros eram os carros que se aventuravam a desce-la, sendo quase certo que na subida a ajuda do carro de bois se tornava imprescindível. Á noite escutava-se o silêncio e sob o tecto daquele céu imenso, povoado de mil luzes, o luar era  limpo e brilhante. E adormecia-se olhando pela janela contando as estrelas que lá no alto pareciam sorrir-nos. De manhãzinha ao acordar cheirava a café e a mel. Abriam-se as janelas de par em par e nos campos, pequenos brilhantes luziam nas gotas de orvalho. Cresciam as flores silvestres, o malmequer amarelo, a dedaleira roxa, a urze, o tojo, a papoila rubra, o alecrim. E o campo era uma paleta de cores, qual tela de um pintor desenhando pinceladas. Os cheiros misturavam-se e exalavam no ar. E os pássaros brindavam-nos numa sinfonia de cantos. Um pouco mais ao longe o som dos badalos dos rebanhos na pastorícia. Paisagem, cheiros e sons, uma combinação simples e perfeita.

A população era pequena mas sentia-se um espírito de união, de entreajuda, de dignidade.

Na serra, lá mesmo na floresta viviam lobos, raposas, gatos bravos e aves de rapina.

Era assim a aldeia da minha mãe. Um lugar bucólico, cheio de uma simplicidade de vida, de simplicidade na sua beleza natural, de simplicidade nas suas gentes.

E eu, criança da cidade, tudo me admirava e tudo absorvia. Foi talvez lá que nasceu este meu encanto pela natureza.

E foi assim que ela me ensinou e eu aprendi, que simplicidade é sinónimo de pureza. Que a simplicidade  é um bem a preservar. Nada tem maior simplicidade que a simples natureza, mas ao contemplá-la, ao escutá-la os nossos sentidos sentem-na grandiosa. Há simplicidade no beijo que todos os dias se dá aos filhos, no entanto ele é de um amor intenso. Então a simplicidade é imensa. Simplicidade existe num sorriso, num gesto de carinho, na verdade das  palavras, no arrependimento de actos irreflectidos, no assumir perante o mundo os erros, na felicidade de sentir o cheiro de uma flor, no estender a mão e apanhar uma gota de chuva, no deixar que um raio de sol nos conforte, no fechar os olhos e sentir a música cá dentro.

 

Simplicidade é esgotar todos os pequenos nadas bons da vida.

Numa palavra, simplicidade é um dom.

 

Mafalda, 24 de Novembro de 2009


publicado por mafalda-momentos às 11:34
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