Recebi via email um texto de um escritor, de nacionalidade Brasileira e cuja obra, acreditada ou não, tem sido vasta. Falo de Paulo Coelho e o texto a que me refiro, transcrevo-o no final.
Li há relativamente pouco tempo em livro dele – Verónica decide morrer – e confesso, que não sendo dos meus escritores mais apreciados, gostei. Achei acima de tudo que o argumento estava bem estruturado e foi conseguido.
Tendo-me o texto sido enviado por alguém que me conhece... julgo eu, bastante bem, numa primeira análise e imediatamente reactiva, achei tratar-se de um “Recado”.
Não! De modo nenhum se tratava daqueles recados que consideramos uma bofetada sem mão. Era mais no sentido de um alerta.
Depois, com tempo e calma, reflectindo melhor, achei que estava errada. Aliás, porque razão haveria de ser um recado? Não existia nenhum interesse nisso! Abandonei pois definitivamente esta teoria e considerei-o antes como um "Presente". Um belo presente, que desde já agradeço, pois que me assenta que nem uma luva.
Pois que sou baixinha, para o gorducho, já cota e exibindo algumas “estradinhas da vida”, que adoptei, quase que incondicionalmente, como vestuário diário o uso de calças e sapatinhos sem salto e há já para aí cerca de oito a dez anos que não uso maquilhagem (salvo raras excepções), salva-me apenas o tratar do cabelo e o uso de água de colónia e cremes de rosto e corpo.
Não me tinha passado pela cabeça, a mim, que havia perdido a minha condição feminina, pelo uso habitual de calças, ou de sapatos de salto raso, quer de verão, quer de inverno.
Pensava eu sim, que tinha perdido a minha atractiva feminilidade, por já não ter a minha silhueta da juventude e adquirido mais que um par de quilitos a mais (ei, mas também não sou nenhuma bucha!), por serem já visíveis algumas rugas, que a idade, já "entradota" não perdoa.
Isso sim pensava eu, mas afinal sinto que é muito mais penalizante o tipo de vestuário que adoptei.
E eu que sempre me julguei tão feminina! Vá-se lá saber como podemos ter certezas!?
Mas não termino sem acrescentar aqui um desafio.
Experimente lá o Sr. Paulo Coelho, que é evidente não me pode “ouvir”, mas tenho pena e tu meu querido amigo que me enviaste o email, usarem durante algum tempo, vestidos e sapatos de salto alto (nem pensar! Não vos quero transformar em travestis. É só uma experiência...) e atrevam-se a dizer-me que não é muito mais cómodo e confortável o vosso modo de vestir. Atrevam-se se forem capazes de dizer-me o contrário.
Tenho razão não tenho?
Haja “Deus”! Ao menos uma vez na vida!
Ninguém quis imitar ninguém. É apenas uma questão de bem estar.
E já que o texto vai longo, mais um pouquinho não tem grande importância e daqui “vos” deixo uma dica.
Cabelos curtos? Poucas mulheres o usam! Que têm a dizer sobre os lindos e longos cabelos bem trabalhados que qualquer cabecinha feminina ostenta? Não são eles um toque bem feminino, mesmo que terminem no uso de calças?
Imagino que cada um vai continuar com a sua opinião já anteriormente formada.
Por mim resta-me agradecer de coração, mais uma vez, o "Presente" e reconhecer assumidamente, que de qualquer modo os “conselhos” não caíram em saco roto...talvez.
Mafalda, 28 de Setembro de 2009
Opinião de um homem sobre o corpo feminino!
Paulo Coelho
“Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.
Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.
As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de
passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.
Não há beleza mais irresistível na mulher do que a
feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.
A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.
As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas.. Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu
reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.
É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.
Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com
sinceridade, que outra mulher é linda.
As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que
usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.
Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboteia e não sofre); quando tem que ter intimidade
com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.
Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus
existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!
A beleza é tudo isto.”
Se pudesse vos oferecia
Uma aldeia, uma cidade,
Um rio, um mar,
Um vale, uma serra,
Uma montanha, o Evereste,
As estrelas, o universo.
Não podendo,
Por cada estrela vos deixo um beijo,
Pelo universo vos dou o meu amor,
E na lua eu deixo escrito – Parabéns.
Mafalda, 25 de Setembro de 2009
Recostada na espreguiçadeira á beira da piscina, no deleite de gozar o tranquilo final de tarde, descontraída e serena, sou de repente arrancada a este sossego, por uma voz masculina, sonora mas agradável dizendo – Pronto Senhora. A pronúncia era de língua espanhola.
Ignorava o que se passava á minha volta, mas sabia, claro, que comigo não era.
Curiosa (eu não nego) e observadora, mas discreta (juro que sim) que sou, dirigi lenta e subtilmente o meu olhar para o lado de onde me tinha chegado aquela voz.
Na espreguiçadeira à minha esquerda, do lado de lá do espaço ocupado pela cancela feita em tronquinhos de madeira que separa a zona da piscina da zona adjacente do jardim relvado, comum aos apartamentos circundantes, uma mulher jovem (talvez na casa dos trinta e...), vestindo um biquíni azul turquesa, repousava também. De pé um homem (talvez pelos quarenta e...), figura elegante, não bonito, mas “charmoso”, vestindo uns calções e uma t-shirt, transportava na mão uma bandeja, inclinando-se por cima da mesinha próxima ao pousá-la.
Na bandeja havia duas chávenas de café uma garrafa pequena de água, um copo vazio e um outro copo contendo um liquido que pelo aspecto e cor eu diria ser whisky.
E sentando-se em seguida na cadeira junto á mesa, inclinou-se desta vez para a jovem senhora, pousando sua boca no ventre desnudo pelo biquíni, deixando nele um beijo que condizia em absoluto com o tom de voz com que pronunciara a frase que me havia chamado a atenção.
Um tom de “servilismo” terno e doce, desejoso de agradar, mais do que isso, deliciado.
Mais não vi e ninguém notou que tudo isto eu observei. Para não incomodar mesmo, desviei o olhar fechando de novo os olhos e interiormente sorrindo.
Não tinha sido uma cena escaldante, antes pelo contrário. A meu ver bastante singela. Mas ainda assim tão rica, intensa, na intimidade entre duas pessoas.
É que mil gestos destes podem fazer toda a diferença pelo gosto da vida e valem uma infinidade de presentes valiosos.
Mafalda, 17 de Setembro de 2009
E Setembro acontece de novo.
Nos odores da praia, no som das ondas, os meus sentidos despertam.
Remexem as lembranças de um passado não apagado nem esquecido.
Levam-me de volta aos caminhos da tristeza, percorridos nas caminhadas á beira-mar daquele extenso areal.
Trazidos pelo vento, ou pelo encontro do meu corpo com a orla do mar, os salpicos de água salgada, assaltam-me o rosto e deixo de distingui-los das lágrimas.
Só que me encontro, vem a noite trazer-me a companhia das estrelas e da lua que guardam meu segredo. Silenciosas tornam-se minhas cúmplices.
Não sei se me levam até a ti, ou se te trazem até mim.
Não existes. És apenas um sonho, uma quimera desfeita.
Foram-se-me contigo o coração e a razão.
Sem dar conta, atravesso a estrada e encontro-me frente áquela porta.
Estou confusa. Não sei o que faço ali.
Colho dum arbusto uma flor que desfolho. Suas pétalas pequeninas tombam no chão e esvoaçam com a brisa leve. Serás tu a dizer-me adeus?
Pequenina está também a minha alma. Compreendia que era a minha despedida. Era um nunca mais.
Mais pequenina, mais só e triste se sentiu ainda.
Contudo, insólita, estranha contradição, nunca tão livre se sentira.
Inexplicáveis estados de alma!
Vai, segue teu caminho, que o meu não mais se entrelaçará no teu.
Foram assim as férias daquele Verão em Setembro, sozinha e companheira da solidão.
Não sei porque sigo recordando.
Não compreendo porque tudo me lembra...
Mafalda, 6 de Setembro de 2009
(foto minha)
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