“Esta palavra saudade,
aquele que a inventou,
A primeira vez que a disse
com certeza que chorou”
Afonso Lopes Vieira
Ah! Poetas do meu País que cantais a minha Língua
Qual de vocês não a cantou...?
Ah! Gentes da minha Terra que falais diversas Línguas
Quem de vocês não a escutou...?
Saudade – não existe palavra mais bela...
Saudade – não conheço sentimento mais puro...
Saudades tenho muitas...
De lugares, de vivências, de sonhos, de pessoas...
De tanta coisa que o tempo passando levou...
Saudades são minhas fiéis companheiras de nostalgia...
Saudades minhas, em mim guardadas, em mim presas...
Saudades tenho muitas...
De tanto que já vivi...
Saudades que guardo, deixarão de existir, não mais sentirei...
Quando o tempo correndo, um dia a mim me levar também...
Mafalda 28 de Junho de 2009
Houve tempos em que o tempo dos meus dias tinha a cor azul, limpa e brilhante do céu.
Foram tempos encantados de brincar, rir, aprender e de crescer.
Mas o tempo foi passando.
E o tempo dos meus dias apenas deixou de ser encantado e brincando, rindo, aprendendo e crescendo, passou a ser responsabilizado.
Eram tempos em que o tempo dos meus dias tinha a cor azul, limpa e brilhante do céu apenas manchado com salpicos de cor branca.
Mas o tempo foi passando.
E o tempo dos meus dias seguiu o seu caminho igual, fez o seu percurso.
Nestes tempos o tempo dos meus dias acrescentou mais uma cor ás cores do meu céu. E ao azul limpo e brilhante apenas manchado de salpicos de cor branca, juntou-se-lhe a cor vermelha na linha do horizonte. Nascera o meu tempo de amar.
Foram tempos longos e duradouros.
Mas o tempo foi passando.
Amar muito amei, mas neste amar, nem sempre foram tempos de sorrisos, de abraços, de ternura. Também houve olhares tristes, expressões dissimuladas, gestos indiferentes.
Houve algum tempo em que o tempo dos meus dias tinha a cor cinzenta e baça do céu cheio da neblina outonal.
Mas o tempo foi passando.
E num golpe profundo de “mestre”, o tempo transformou o tempo dos meus dias, tirou-lhes as cores do meu céu azul limpo e brilhante, apenas manchado de salpicos de cor branca e a cor vermelha na linha do horizonte. Até a neblina cinzenta e baça desapareceu.
E o tempo dos meus dias passou a ser sombrio.
Foram tempos em que o tempo dos meus dias tinha a cor negra, carregada das tempestades do céu escuro, encoberto, rasgado pelos raios da trovoada.
E nos tempos do tempo dos meus dias as tempestades reproduziram-se. Vieram umas a seguir às outras.
Foram tempos longos e duradouros.
Mas o tempo foi passando.
Foi então que percebi que quanto mais ele passava, mais o meu tempo diminuia. Menos dias haveria no meu tempo.
E o tempo dos meus dias continuou sombrio, no atravessar das sucessivas tempestades.
Hoje há dias, em que os tempos do tempo dos meus dias, chegam a ter todas as cores dos céus da minha vida.
A cor negra, carregada das tempestades do céu escuro, encoberto, rasgado pelos raios da trovoada, a cor cinzenta e baça do céu cheio da neblina outonal, a cor azul, do céu limpo e brilhante apenas manchado de salpicos de cor branca, a que se juntou a cor vermelha na linha do horizonte, a cor azul, limpa e brilhante do céu apenas manchado com salpicos de cor branca, a cor azul, limpa e brilhante do céu.
Elas traduzem as imensas horas do meu dia em que me as preocupações (agora inúmeras) assaltam meu pensamento, as horas do meu dia em que as recordações me visitam e me sinto só, as horas do meu dia em que a saudade me abraça, as horas do meu dia em que permito á minha imaginação viver os meus sonhos, as escassas horas do meu dia em que sou livre e me consigo aquecer num raio de sol.
E o tempo, esse, continua a passar...
Mafalda, 14 de Junho de 2009
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