Deixaste que mergulhasse no teu olhar...
Deixaste que sentisse como eras doce...
Deixaste que inalasse o teu cheiro...
Deixaste que provasse o teu beijo...
Deixaste que tocasse o teu corpo...
Deixaste que tivesse a tua sensualidade...
Deixaste que descobrisse a minha...
Deixaste que saciasse o teu desejo...
Deixaste que vivesse o meu...
Deixaste que desejasse o teu prazer...
Deixaste que saboreasse o meu... e por fim
Deixaste-me assim...
... de alma pequenina, desencantada, alma que acolhe todo o meu mundo, alma protectora que guarda as minhas recordações, alma sonhadora que abriga as minhas saudades, alma inquieta que não sabe sossegar, alma silenciosa que cala as minhas mágoas, alma magoada que chora as minhas angústias, mas que ri também quando contempla belos horizontes, alma dissimulada que sorri tímida quando esconde, de quem gosta, as minhas lágrimas e diz – está tudo bem!
É esta a minha alma que teima em ficar dentro de mim, quando lhe peço que parta e leve com ela o meu respirar e deixe meu corpo tranquilo repousar, que já medo não tem de só, ficar.
Mafalda, 18 de Outubro de 2008
Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo.
Antoine de Saint-Ézupéry
Não é falta de amizade amiga. Não é não.
É mesmo incapacidade minha, que reconheço, tem levado tempo demasiado a passar.
Conheço bem os teus problemas, sei também das adversidades porque tens passado e das preocupações que se avolumaram na tua vida.
Sei também o quanto nestes momentos, os verdadeiros amigos são necessários com a sua solidariedade.
E sei ainda que não tenho sido uma amiga presente.
Não quero que as minhas palavras representem uma desculpa, mas sim uma explicação.
Tal como tu, também tenho tido os meus castigos. E, referindo-me apenas a mim, chamo-lhe castigos por serem fruto dos meus erros.
Para já não falar do passado mais longínquo, sabes que os meus últimos tempos (e já são anos), não têm sido, em várias vertentes, isentos de dissabores, de incertezas, de desilusões.
Dei comigo a transportar para ti tudo isto, quando estávamos juntas. E apercebi-me de que não era justo fazer-te preocupar ainda mais comigo. Já tinhas que bastasse.
E a solução que encontrei, foi afastar-me.
Afastar-me o tempo necessário para voltar ao teu convívio, suficientemente reabilitada para te poder escutar, em vez de ser escutada.
Não terá sido a melhor. Será até possível que tenha sido cobardia, mas foi a única que consegui enfrentar.
Algumas vezes, por telefone, me questionaste essa minha ausência.
Não podia responder-te.
Foram tempos de exaustão, no trabalho, na minha casa, na minha vida pessoal que resultaram nesta minha apatia, instabilidade, tristeza. Até os remorsos de não conseguir ajudar-te ou a qualquer outro alguém, se juntaram aqui.
Tenho levado tempo demais a reencontrar o meu equilíbrio e não tem sido fácil, apesar da luta constante mas solitária.
Amiga parece-me que começo agora a endireitar os ombros, levantar o queixo e olhar de frente de novo. Só espero seja verdadeiramente real e esteja a conseguir arrumar nos devidos cantinhos do baú do meu coração, estas dores, teimosas companheiras, destes tempos próximos passados.
Mas mesmo que ainda assim, seja apenas uma ilusão, a mim mesma prometo, que a minha face não será mais o espelho da minha alma.
Hoje que é véspera do teu aniversário, pensei entregar-te uma carta com tudo o que acabo de aqui deixar. Mas vendo melhor só serviria para te emocionar e o dia é de festa, sorrisos e miminhos.
Outro dia sem dúvida encontrarás estas minhas palavras.
Obrigada por mais uma vez me teres escutado.
E dentro das minhas fracas possibilidades podes contar comigo.
Mafalda, 10 de Outubro de 2008
Contigo aprendi que não era frágil porque me deixaste experimentar a minha força...
Contigo aprendi que era uma lutadora porque me mostraste que tinha e cumpria objectivos...
Contigo aprendi como apenas cinco minutos podem ser importantes...
Contigo aprendi a nunca dizer nunca...
Contigo aprendi o que é ser mulher por inteiro...
Contigo aprendi o sabor incomparável e pleno da plena “quimica”...
Contigo aprendi a caminhar sobre as águas prateadas do oceano, a saltitar por entre campos verdejantes, salpicados de gotinhas cristalinas do orvalho da manhã, a correr descalça nas areias brancas e brilhantes de praias paridisíacas banhadas pelo sol, sentindo-me completa...
Porque a imaginação é infinita.
Contigo aprendi a subir ao mais alto topo da montanha, levantar meus braços e com a ponta dos dedos tocar o céu e aí permanecer, com profunda emoção, em êxtase, para depois devagarinho, de mansinho, preguiçosamente até, descer e pousar, qual pena leve caindo no movimento da brisa suave...
E de novo e de novo voltar a sentir todo este climax.
Por fim no carinho de um abraço, viver na quietude do silêncio o prazer deste cansaço.
Contigo aprendi a sentir-me realizada...
Contigo aprendi que a vida tem riscos de que não devemos ter medo, mas antes vivê-los intensamente...
E contigo aprendi a senti-los no momento, sem reservas, sem receios, sem o depois...
Contigo não aprendi o que era impossível aprender...
Contigo só não aprendi como esquecer-te...
Mafalda, 7 de Outubro de 2008
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