Novamente o último dia do Ano.
E eu acordei triste. Tão triste!
Ontem briguei contigo e não queria.
Tem sido uma luta para que não esqueçam os valores familiares (como outros), que me empenhei transmitir-vos.
Neste momento é mais contigo. Não creio que os esqueças, acredito antes e até compreendo que te distraias.
Mas mesmo compreendendo, não posso, não devo, deixar de te chamar à razão. Ás vezes zangada.
E tu ficas-me olhando com esse teu olhar azul, entre um misto de triste e envergonhado e apenas respondes com voz baixa:
-Tens razão mãe.
- Desculpa mãe.
E com isto me desarmas e acabo me sentindo mal.
O que mais quero é que sejas feliz.
Fico pensando se não estarei a ser demasiado exigente.
Se não te estarei a fazer sentir dividido.
Não é isso que quero.
Não tem que ser assim. Cada um tem o seu espaço definido e eu só espero que consigas entender que não é minha intenção interpôr-me entre ti e outro alguém.
Muito menos pretendo que sintas que tens que escolher.
Apenas e tão só que não esqueças. Existem diferentes amores e todos eles nos são necessários.
Adormeci a pensar em ti e contigo sonhei.
Ao acordar apeteceu-me abraçar-te, mas sabia que não estavas.
E de seguida me lembrei de meu Pai.
Seria hoje o seu dia de aniversário e nunca o esqueço.
Agravou a minha tristeza!
Á medida que a minha vida tem decorrido, me identifico mais com ele.
Somos parecidos não só fisicamente, mas de caracter.
Penso em ti pai e revejo-me nos teus percursos.
Errámos?
É verdade que sim!
Mas quem não erra?
Mais do que os outros?
Isso eu não sei dizer!
Hoje como poderia julgar-te?
Mas ao lado dos erros também fomos solidários, humanos, idealistas e apreciámos a vida no que ela nos ofereceu de melhor.
Desculpa, não é critica, conseguiste sempre ser muito mais teimoso que eu.
Mas como era bom quando tu, sempre quente, aquecias meus pés pequeninos, sempre frios.
Apenas sei que me lembro de ti e de ti sinto saudades Pai.
Mafalda, 31 de Dezembro de 2007
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