Tinhas sempre um copo para beber água, durante o teu dia, em cima do lava louça.
E à noite, quando eu punha a máquina a lavar, retirava-o e tu buscavas outro limpo.
É sexta-feira e faz uma semana que foste embora.
Não tinha tido ainda coragem de tirar o copo que deixaste.
Hoje ao arrumar a cozinha olhei para ele e vi-lhe uns riscos, umas manchas brancas.
Espreitei para dentro dele e percebi que eram vestígios de calcário provocados pelos restos de água que nele ficaram.
Pensei que não deveria deixá-lo mais tempo e suavemente segurei-o entre as minhas mãos.
Senti nesse toque o teu calor!
E devagarinho coloquei-o na máquina, que rápidamente fechei.
Agora já não vejo o teu copo!
E sabes, ainda não mexi em nada do teu quarto, a não ser fazer-te a cama sem retirar os lençois.
E depois do copo lembrei-me da tua almofada, companheira de tantos anos (mais de quinze de certeza), nos teus sonos, nos teus sonhos, que nunca me deixaste deitar fora.
Foi então que fui ao teu quarto, abri a tua cama, peguei nela e abracei-a como se fosses tu. E sentindo-te pensei:
- Como será que ele dorme sem a sua querida almofada? Deve ter-lhe custado separar-se dela!
E também devagarinho, tirei-lhe a fronha, pu-la num saco, e eu mesma fui pô-la no contentor.
Agora já não tens a tua almofada!
E sabes outra coisa? Às vezes quando estou sózinha, deito-me um pouco na tua cama só para sentir o teu cheiro.
Beijinhos muitos.
Mafalda, 5 de Outubro de 2007
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