Guardei com ternura no meu peito bem juntinho ao coração, a beleza da mensagem, via telemóvel, de meu filho João.
Está de férias alguns dias no Porto com a Lili, sua namoradinha.
E hoje, que é sexta-feira, mandou-me uma mensagem escrita que a seguir transcrevo:
- “Jogámos no euromilhões, tínhamos a certeza que íamos ganhar e só levámos um fardo de palha. Guardámos para a familia. Eheheh! Amo-te muito mãezita.”
Eu sei que os meus filhos gostam de mim e comigo se preocupam. Que sou importante na vida deles, mas nunca até agora, algum deles me havia dito que me amava muito, assim por estas palavras mesmo.
Fiquei deleitada, vivamente enternecida! E que não tenham ciumes os outros porque não vou ficar a amar mais o João que a eles por este episódio.
Só que é tão bom filho que te agradeço infinitamente e uma humidade que sinto no cantinho dos olhos me diz que fiquei comovida!
“Amo-te muito mãezita”, releio.
Será que alguma vez disse à minha mãe o quanto a amava?
Acho que não! De certeza que não!
E agora que dou conta disso sinto um vazio!
Lembras-te mãe quando embirrava contigo por causa da sopa de nabos?
E tu aflita, desgostosa até, dizias:
- Não filha. A sopa não tem nabos. Eu sei que tu não gostas. Não ponho nunca!
Mas eu continuava:
- Mãe, achas que me enganas? Sei muito bem que pões! Tu e o pai gostam!
E cada vez mais te punha mais nervosa.
Era a brincar sabes? Gostava de jogar contigo ao gato e ao rato. E sem querer não deixava de te arreliar. Se calhar de te magoar.
Agora sinto remorsos porque não sei se me percebias.
Desculpa por todas as vezes que o fiz, até para além da sopa de nabos. É tarde?
Ainda hoje às vezes ao acordar me parece ouvir-te, quando de manhã me levavas o sumo de laranja chamando-me para me levantar.
Sinto tantas saudades tuas mãe! Fazes-me tanta falta!
Não imaginas quanto me dói não ter estado presente no teu último respirar. É um momento que faz parte do meu mundo de fantasmas.
E de mãe para filho, passei de filha para mãe.
Quando somos novos não atingimos a dimensão do amor dos pais pelos filhos e nem sempre, como filhos, correspondemos no nosso melhor.
É tão fácil ver isso agora!
Sorrio ao pensar nisso vês?
Oxalá pudesses sentir-me agora! Tão bom seria se fosse possível!
Oxalá possam meus filhos sentir-se assim um dia por mim!
Mafalda, 10 de Agosto de 2007
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