É verdade!
Faz hoje um ano!
É pois o nosso primeiro aniversário.
E que vamos nós fazer para comemorar?
Andámos empolgados em descobrir uma lembrancinha, bem simbólica, bem gostosa para trocarmos?
Combinámos um jantar?
Comprámos um bolo cheio de enfeites, fitas de cores brilhantes, aqueles pauzinhos a que pegamos fogo e ardem espalhando estrelinhas como fogo de artifício?
Apagamos as luzes e acendemos as velinhas, neste caso uma única?
Cantamos os parabéns, desejamos felicidades, trocamos um beijinho, um abraço?
Brindamos por fim com champanhe, sim champanhe, não só por tradição, mas porque ambos gostamos?
Mostramos no rosto um sorriso feliz?
Não.
Este aniversário não é desses!
É o aniversário de uma despedida inevitável, esperada, sem surpresa, mas sentida com emoção, com o sentimento de ter deixado para traz muitos pedaços de vida.
Acho que foi civilizada, pacífica, mas nem por isso menos intensa.
Sei onde moras, sei onde é o teu trabalho, sei de cor o teu telefone.
Sabes onde moro, tens o meu número de telefone.
Não sei o que fazes, nem tu o que eu faço.
Não nos vemos, não nos falamos, não convivemos mais.
Conheci-te no dia 7 de Outubro de 1987. E foi bom conhecer-te! Não teria sentido as emoções que senti. É verdade que dói! Mas de que serve passar por este mundo sem as viver?
Dezanove anos passaram desde então.
Hoje faz um ano que nos separámos. Algum dia tinha de ser eu sei, sempre o soube!
O que não sonhava, não podia nunca imaginá-lo, porque em muito boa conta te tinha, para mim estavas muito acima do comum dos homens, me oferecesses na despedida, tão tranquilamente, tão displicentemente, o sentimento da desilusão.
Sei que eu merecia, ah se merecia, o teu respeito no cumprimento da minha vontade! Mas não o fizeste! Foste, simplesmente, desleal!
Sei que desta data não lembraste. Pouco importa!
Mas sabes uma coisa?
Mau grado meu e mesmo sem pagares renda ainda moras no meu coração!
Mafalda, 26 de Junho de 2007
A semana passada falando com minha irmã Bete, minha querida irmã, quando juntas esperavamos pela nossa irmã mais velha, minha querida Lai, ela disse-me que precisava de ir a Fátima.
Um pouco admirada questionei-a porquê a Fátima.
Então ela explicou-me, desculpando-se, como se isso fosse necessário, que as pessoas às vezes fazem umas coisas disparatadas e que em tempos, tempos em que se tinha visto desesperada, tinha prometido que por intenção da vida dos seus dois filhos, João Eduardo e Ricardo, iria pôr uma vela dedicada à Nossa Senhora de Fátima.
Queria então aproveitar a ausência do marido, que felizmente para ele anda no bem bom num passeio de iate com um amigo pelo Mediterraneo (Ibiza etc...), porque não queria que ele soubesse.
Comentei que respeitava a sua vontade de silêncio mas achava que o Luisinho não era pessoa para a criticar por isso.
Ela embora concordando em parte preferia assim porque sempre haveria de haver um qualquer comentário, mesmo em ar de brincadeira, o que não lhe apetecia ouvir.
Como é por demais natural, entendi que não lhe apetecia ir sózinha e logo lhe disse que não era tarde nem cedo! Ficava já combinado para a próxima quarta-feira e eu ia com ela.
Quando depois nos juntámos as três demos a conhecer a nossa intenção à Lai que de imediato disse também querer ir.
E assim combinado, hoje nos pusemos a caminho.
Confesso que faz muito tempo não passava por lá. Julgo até que a última vez, embora não tenha bem a certeza, ainda terá sido com o meu padrinho e já lá irão muitos anos.
Hoje em dia é muito fácil chegar ao Santuário. Indo pela A1, tem uma saída directa para os parques de estacionamento e pronto.
Ainda era relativamente cedo quando chegámos e para mim foi uma surpresa pois a lembrança que tinha era de um lugar bem mais desarrumado. As melhorias são visiveis e tudo está preparado para receber os milhares de peregrinos que nos dias mais importantes, em especial a 13 de Maio, se deslocam, ora cumprindo promessas, ou apenas com a sua Fé, pedindo e tentando alivío, solução para os seus sofrimentos.
Tenho que dizer que o Santuário está bonito, com as suas arcadas laterais.
A Capelinha simples erguida no lugar das aparições aos três pastorinhos, foi “engolida” por um espaço moderno, com uma instalação sonora belissíma para que todos os fiéis que se encontrarem no recinto, ainda que longe, possam ouvir e seguir com todo o rigor as cerimónias religiosas. E digo engolida porque ela se encontra bem lá no fundo, discreta e quase imperceptível, deste novo espaço de que falo.
No momento que chegámos estavam a rezar missa, que já ia no meio e por ali ficámos a assistir. A dada altura foi anunciado que se iria proceder à benção dos objectos que os fiéis pretendiam benzer pelo que se pedia a especial atenção dos mesmos.
Por fim terminada que foi a missa, abandonámos o local, seguindo a seta mesmo ali ao lado que indicava o sitio onde se podiam comprar as velas e em seguida, colocá-las acesas no lugar a elas destinado, cumprindo assim as intenções de cada um. Este caminho passava exactamente pela parte de traz da capela e ainda pudemos ver os últimos religiosos que tinham estado a rezar a missa, sendo que o último, o que seguia no fim do séquito, vestido de preto, não parecendo própriamente padre, mas talvez aquele a quem chamamos de Sacristão, a menos que fosse um segurança, admito não ter percebido muito bem, foi abordado por uma senhora, com um aspecto humilde talvez, e que lhe pedia que levasse o objecto que segurava na mão para ser benzido, como é obvio por quem de direito.
Muito cisudo e com um ar, eu diria, não quero ser injusta, mas me pareceu arrogante, lhe respondeu que já não podia ser. Esse serviço já tinha sido feito, os senhores “priores” já se haviam retirado e a senhora não tinha estado com atenção na missa, porque tinha sido anunciada a respectiva benção. Qualquer coisa a senhora lhe respondeu, não sei o quê porque já não quiz ouvir de tão incomodada fiquei com tal atitude e comentários do interpelado. Nem sei o final da história, mas e “Invocando o Santo Nome de Deus em Vão”, por amor de Deus! Onde está a caridade, a piedade e fraternidade, caracteristica da Igreja Católica? Não haveria uma maneira mais, pelo menos carinhosa, de dar a informação à senhora, que ali foi, vinda sabe-se lá de onde, com a sua fé procurar consolo?
Pondo de parte a ciência, são episódios como este, simples mas contraditórios que fazem muitas vezes descrer os homens na religião, qualquer que seja. Sendo o Catolicismo uma das maiores deveria haver um maior cuidado no esinamento do comportamento das pessoas que da Igreja fazem parte e que por função, têm de falar com, ou, aos fiéis.
E lá fomos nós cumprir o propósito que ali nos havia levado.
Se disser que não fiquei surpreendida com funcionamento eficaz da compra de velas, minto.
Então é assim!
As velas de diversos tamanhos estão dentro de caixas, por sua vez em cima de umas bancadas. Em cada caixa está marcado o preço da respectiva vela e ao lado da mesma, na bancada existe uma ranhura onde nós introduzimos o dinheiro do seu custo. Não existe ninguém para vigiar. Ao lado um espaço amplo ao longo de uma parede e protegido na frente à altura da minha cintura, por aí, onde encontramos uns suportes para colocarmos e segurar a vela.
Maldosamente, passou-me pela cabeça quantas pessoas se serviriam e não pagariam. Mas convinhamos, quem ali vai são pessoas cujos principios e propósitos são puros. Rápidamente abandonei este pensamento.
Só uma de nós precisava pagar uma promessa, mas a verdade é que todas nós comprámos e acendemos, uma ou mais velas.
Já que ali estavamos o que custava afinal!
Mesmo dizendo que não se acredita, a maior parte das pessoas, não exclui a possibilidade quando a ocasião se lhe depara.
E ali estava eu em frente a uma vela grande acesa, a chama balaçando ao vento, pedindo sobretudo, saúde, paz e tranquilidade, para os meus filhos, minhas irmãs e sobrinhos, toda a família e ainda os amigos e seus familiares também.
Ah! Dei comigo ainda a pedir ao Zé que olhasse pelos filhos e a meu pai e minha mãe que olhasse por todos nós.
E vim pensando, não acreditamos, não acreditamos, mas...
O resto do dia foi agradável. O tempo estava bom, nem calor nem frio, mas o sol brilhava.
Almoçamos em Ourém, visitámos Constância que eu não conhecia, vila bem bonita por sinal na margem do Tejo.
Já não tivemos tempo para ir ao Castelo de Almourol, o que tive pena, mas ficará para outro passeio.
A viagem de regresso foi calma e sem sobressaltos.
Jantámos em casa da Lai, um jantar que o Victor nos fez e no final eu e a Bete regressámos a nossas casas.
Foi um dia diferente na sua essência, mas bonito. Para mim dificíl de esquecer!
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