Terça-feira, 27 de Fevereiro de 2007

As palavras que lhe deixo

 

 

Hoje escrevo-lhe uma carta.

Hoje escrevo uma carta para si Pedro, mas  as palavras que lhe deixo é possível que nunca as leia.

Ontem finalmente decidi-me a falar consigo.

Há muito que a minha consciência me segredava, me fazendo sentir culpada, que o devia fazer, embora nada mais houvesse para dizer desde o dia em que, intempestivamente, o Pedro proferiu algumas palavras, formando duas únicas frases que me dirigiu, suficientemente elucidativas, para que fossem o finalizar de qualquer coisa, mesmo  pouco, que tenha existido.

Não foi justo comigo nas acusações que me fez, porque sempre fui sincera e verdadeira nas conversas que tivemos.

Também sei que não seria justo para si continuarmos, porque o Pedro me deu sempre muito mais do que recebeu. O que me disse magoou-me, mas também me fez ter a noção desta realidade.

Penso que talvez se tenha arrependido, ou talvez não, porque também no seu consciente teria com certeza a percepção do pouco que lhe dedicava e que cada vez mais não era suficiente para si.

No entanto e apesar de decidida sobre a minha incapacidade de tolerar, de conseguir gerir futuras e semelhantes situações, fui adiando até hoje, mas acho pelo bem que lhe quero, merecia que o fizesse.

Confesso que fiquei surpresa com a sua reacção, que esperava muito menos passiva. O próprio Pedro admitiu por outras razões que seria difícil existir uma relação entre nós.

E então conversámos calmamente, expusemos as nossas razões e nos acertámos. Pediu-me que ficássemos amigos e não me opus.

Foi com alívio que recebi a sua compreensão, pois parti para este encontro receosa que nele houvesse alguma discussão menos agradável o que me fazia sentir pouco à vontade.

Entendo agora, hoje, depois de reflectir sobre isso, que deveria ter confiado mais em si e saber que depois de acalmar, me daria o seu apoio, apesar de, sob tensão, o Pedro reagir sempre impetuosamente, sem reflectir primeiro o que diz.

Naturalmente, quero desde já dizer que estas minhas considerações não são de modo nenhum acusações ou recriminações. Quem sou eu para julgar? Quem sou eu para julgá-lo a si?

Em especial desde o período do Natal de 2005, pareceu-me notar-lhe, um interesse por mim, um pouco maior, diferente, relativamente aos outros colegas. Achei que estava errada, que era ilusão minha. Sempre fui insegura nestes assuntos!

Mas na verdade eu própria o distinguia a si no meu pensamento. Mesmo achando que era apenas imaginação minha, sentia-me bem, confortava-me pensar existir algo mais!

Então, penso que levianamente, me agarrei ao conforto que o Pedro me transmitia, pensando minimizar assim alguns acontecimentos que, sabia, me iriam num futuro mais ou menos próximo, bater-me à porta.

Quando digo levianamente, não quero com isso dizer que o Pedro me era indiferente, ou que me servia apenas para me aproveitar de si.

Nada disso! Eu gostava de si.

Fazia-me sentir bem pensar que se interessava por mim.

E com o decorrer do tempo confirmei de facto que o seu sentimento em relação a mim, não era o mesmo que com os outros colegas.

Comecei por sentir primeiro a sua amizade e ela foi bem-vinda!

Depois essa amizade foi-se transformando, ou talvez ela tenha sido sempre outra coisa, mas o Pedro tenha achado melhor não dar a entender.

E então revelou o que sentia por mim. Insegura como já afirmei ser, no que toca a assuntos de homem e mulher, achei melhor levá-lo na brincadeira, mas aos poucos ia ficando envolvida.

Apercebi-me que me sabia bem  ver a maneira como me olhava, ouvir as suas palavras, ter o seu carinho, ver como o meu tempo era sempre pouco para si, ser sempre tratada  como se uma princesa fosse. Das flores, dos presentes claro que gostei, mas gostava sobretudo da maneira como mos dava. Cheios de ternura! E isso encantou-me. E eu fui-me deixando levar em todo esse encantamento, fui cada vez mais apreciando a sua companhia, sentia-me bem do seu lado, gostava de si e acreditei sinceramente que conseguiria ter um pouco de felicidade. Agarrei-me tanto a esta ideia, tentei tanto torná-la realidade, vivê-la!

Mas isso eu não consegui!

Ao longo dos anos tenho tido muitos momentos de solidão, mas sempre tenho lutado contra ela. E na altura em que o conheci, avizinhavam-se tempos que sabia seriam de uma imensa tristeza. Embora esperada, nunca pensei tê-la tão agravada!

E tenho que confessar que errei! Conheço-me o suficiente para saber que deveria ter ficado quietinha no meu canto, fazer de conta que nada percebia e que nada sentia, porque infelizmente para mim, há muito tempo sei não ter condições de conseguir ser ou fazer alguém feliz!

E dei comigo numa tristeza profunda, numa angustia, num estado de solidão que não conseguia controlar.

Ninguém como o Pedro me apoiou tanto nessa altura! Eu tenho essa consciência!

O Pedro percebeu, afastou-se, mas não fugiu, deu-me o espaço de que necessitei, sem questionar, sem nada cobrar! E aos poucos, conforme eu precisei o Pedro foi chegando novamente, o seu ombro pronto a me aconchegar. Pensa que não notei?

Sem querer ser pretensiosa, sei que sensibilidade é característica que tenho demais!

É por isso que afirmo a minha leviandade que o arrastou a si para algo que só lhe deu infelicidade. 

Mas nunca iria dar certo. O Pedro é demasiado absorvente, demasiado possessivo e eu pouco tinha para lhe dar.

Não lhe vou pedir desculpa porque as desculpas não se pedem, evitam-se.

Resta-me dizer-lhe que tudo o que vivemos foi verdadeiro. Nunca houve da minha parte nada que não lhe dissesse. Desde  o início o Pedro soube sempre o que poderia esperar de mim, o que eu lhe podia oferecer. Teve sempre a minha lealdade. Só que eu sei é pouco para si!

Não entendo porque acontece tantas vezes amarmos a quem não nos ama!

É assim consigo é assim comigo.

Hoje quando depois de falarmos, nos separámos, saí do seu carro com os olhos rasos de água. Daquela água salgada que nasce das emoções e que chamamos de lágrimas. Um sorriso triste. E ao vê-lo partir sabia que deixava ir embora alguém, que depois do meu marido, já lá vão tantos anos, foi o homem que mais me apreciou, mais amor me deu, mais me acarinhou, mais me mimou.

Um sentimento de grande perda foi o que o meu coração guardou e quando a casa cheguei, em silêncio chorei.

 

Mafalda,  27 de Fevereiro de 2007

(foto minha)


publicado por mafalda-momentos às 13:23
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Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 2007

Surpresas

 

Surpresa, enquanto palavra, revela-se no nosso pensamento como sendo um acontecimento agradável, com vários cambiantes. Por vezes é hilariante, outras deliciosa e ainda algumas, inesquecível.

Já o mesmo não é verdade quando a palavra passa à acção.

Aí o tema tem duas facetas. Pode ir de um extremo ao outro. Ser a mais bela coisa do mundo e deixar-nos flutuando no ar, ou a mais terrível e atirar-nos para o fundo do poço mais profundo.

Também existem pessoas que não são sensíveis às surpresas e em especial às que nos podem deixar felizes, nem que seja por umas horas, nem que seja por uns escassos minutos. Já às tristes, desagradáveis, as que nos causam angústia, há uma maior tendência de reacção de cada um de nós se lamentar porque só acontecem desgraças e são essas que relatamos a quem apanhamos à mão, muitas vezes sem pudor algum pelos sentimentos de quem nos escuta, que sabe-se lá o que lhes vai na alma.

Estarei eu a afirmar que no computo geral as pessoas são pessimistas e egoístas?

Não sei se o são, nem quero afirmá-lo. Quem sou eu para fazer julgamentos! Por  isso não passa de um comentário com base na minha experiência de tudo quanto me rodeia e do que posso observar. 

Eu gosto de surpresas que nos deixam um sorriso cúmplice no rosto, por mais pequenininhas que sejam! E sempre gostei. E acho que por muito que a vida me salpique de desgostos nunca vou deixar de, direi mais, adorar surpresas.   

Sair, finalmente, com a fadiga do trabalho esgotada, mas com a energia da vida  como se fosse o amanhecer, a porta do edifício onde durante o dia o meu emprego me mantem como refém, e ter inesperadamente à minha espera, alguém que me diz muito;

Ser um dia normal, daqueles que não são aniversários, nem dias de namorados, ou qualquer outra comemoração de tantas que agora existem e receber do nada um simples raminho de violetas, um bombom envolvido na sua prata vermelha, dourada ou qualquer outra cor, mas sempre apelativa, qualquer outra gracinha simples escondida no embrulhinho cujo lacinho segura cuidadosamente o papel de mil cores e outros tantos desenhos, que alguém com a sua imaginação preparou cuidadosamente para causar o impacto visual e emocional deslumbrante, quando a mão que o transporta se estende em direcção à minha que o recebe e sensibilizada agradece.

Os embrulhos têem para mim muito encanto. É o olhar da cor dos laços e papéis decorativos. E se dentro deles vier uma simples caixa de fósforos eu fico feliz na mesma. Porque alguém se lembrou que ao precisar dela eu a apreciaria muito mais enfeitada como um presente.

E aqui tenho de confessar uma coisa de que não me orgulho. Por duas ou três vezes, eu recebi da mesma pessoa presentes e ao contrário do que atrás afirmei, mostrei desinteresse, indiferença, mas Deus, se existe e o meu coração, sabem a emoção e a alegria que senti. Tudo que recebi dessa pessoa, uma simples mensagem escrita nun post-it está preciosamente guardado. E deste acto, irreflectido da minha parte, porque a minha razão para agir assim era um sentimento de desilusão por não poder retribuir, resultou que a magoei, se é que alguma vez tive esse poder, magoá-la, porque a levei a pensar que a minha reacção se devia a achar o presente insignificante.

Nada disso! Um deles tenho bem na minha frente enquanto agora escrevo, em cima da minha secretária, dentro de um solitário que comprei apenas para o colocar. Um ramo de botões de rosas, feitas de um material que me parece ser um papel especial.

E mais uns tantos, simples mas valiosos, se juntam a ele.

Pudessemos nós apagar de nossas vidas as atitudes impensadas, intempestivas, por vezes contraditórias até do nosso próprio ser e substitui-las por um doce olhar!

Ou melhor, quanto mais felizes seríamos se as conseguissemos evitar!

Não teríamos de pedir desculpa, nem sentiríamos o peso do arrependimento.

Serão estes  “os meus pequeninos nadas”? Alguém o saberá.

Mas voltando às surpresas, hoje o embrulhinho chegou-me sem laço e sem papel.

O telefone tocou, atendi e aos meus ouvidos soou a sempre agradável surpresa da voz de minha irmã. Mas rápidamente, pelo seu tom, senti que a seguir à alegria de a ouvir, vinha  algo de errado.

E aí estava ela! A surpresa que nos faz sentar escorregando devagar para a cadeira, ou encostar de encontro à parede que nos ampara.

Implacável na sua verdade! Feroz na sua realidade! Triste na sua essência!

Ouvi-a dizer, incrédula, que o filho de uma nossa amiga se tinha suicidado.

As suas palavras faziam eco na minha cabeça como se estivesse sonhando, recusando aceitar que estava acordada e a receber a notícia.

Mas sonho não era! Um pesadelo bem real que nos faz estremecer da cabeça aos pés e nos dá vertigens, sentindo que o chão nos falta!

Já de outras vezes ele tinha ameaçado, mas parecia que sempre escolhendo processos sem sucesso. Da vez anterior tinha tentado atirar-se da ponte, julgo eu. Mas desta vez escolheu-o definitivamente e se jogou para debaixo de um combóio.

Problemas psicológicos, agravados por um acidente...

Vinte e sete anos! Um inicío de vida!

Nesta idade é tempo rir e brincar, de viver a alegria da juventude, de traçar objectivos com entusiasmo, de lançar os dados e fazer as suas opções carregadas de esperança de que o seu futuro será brilhante e feliz.

Mais tarde acontece muitas vezes sentirmos que as nossas expectativas não foram tão alcançadas quanto imaginámos, que as nossas opções talvez não tenham sido as melhores, nunca o poderemos afirmar porque o “se”, não nos vai dar essa visão. Nos piores dos casos, sentirmo-nos frustrados porque o nosso presente, não corresponde ao que no nosso passado imaginámos para o nosso futuro. Olhamos para trás, vemos o filme da nossa vida e pensamos:

- Onde está a concretização dos meus sonhos da juventude? Onde estão os meus projectos? Onde está a felicidade que esperei? Que fiz eu de que me orgulhe?

A vida surpreende-nos umas vezes pela positiva, outras, infelizmente pela negativa!

Mas vinte e sete anos?

Como pode a vida permitir que factos tão terríveis atinjam tão tenras idades, retirando-lhes o prazer de saborear o seu encanto, cortando-lhes a possibilidade de um percurso natural em que naturalmente, aprenderiam a conviver com a realidade!

Como pode a vida dar-lhes a morte!

Parafraseando o poeta, que tão bem se expressou, apenas me ocorre citar:

- “...jaz morto, e arrefece ...o menino da sua mãe.” (Fernando Pessoa).

Para ti minha amiga um doce beijinho de pesar.  

 

 

Mafalda, 14 de Fevereiro de 2007  


publicado por mafalda-momentos às 16:14
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Quarta-feira, 7 de Fevereiro de 2007

Escritura

 

 

 

Por onde começar?

A palavra do título pode sugerir vários temas!

Poderia estar a falar de uma simples nota escrita num pedaço de papel com um recado para qualquer um, de um pensamento mais feliz que na hora nos lembramos e anotamos para não esquecer, de um texto bonito escrito por alguém, um conto, um romance, ou até, sem vestígios de qualquer heresia, da Sagrada Escritura, mas não!

Nada disso!

Neste caso ela se refere à concretização de um documento autêntico de um contrato, feito por um oficial público

Hoje realizou-se no Cartório da Notária, Dra. Ana Paula Lisboa T. Loureiro, em Almada (Centro Sul), a escritura de compra de habitação pelo meu filho mais velho, Tiago.

Trata-se de um acontecimento comum a todo o mundo, mas que, no entanto, individualizando, para mim, mãe e para ele, a parte directamente interessada, é particularmente importante e que vivemos com emoção.

É só uma vez na vida que compramos a nossa primeira casa e isso é algo que iremos reter na nossa memória talvez para sempre.

O que gostaríamos não está muitas vezes ao nosso alcance, como é o caso do Tiago agora, mas ela será pelo menos um ponto de partida, para que possa alcançar mais tarde, no futuro, o seu ideal. Isso eu lhe desejo do fundo do meu coração de mãe.

Trata-se de, tecnicamente chamando um T1, que vulgarmente chamamos de uma casa com duas assoalhadas, sala e quarto.

Tem a particularidade de ter cozinha separada, por sinal com uma boa área, em especial se atendermos a que vulgarmente este tipo de habitação, é composta por sala com kitchinet.

Tem ainda outra, das características que o Tiago privilegiava, como por exemplo uma sala grande, esta tem à volta de trinta e dois metros quadrados e ainda um amplo terraço comum à sala e cozinha, o que lhe confere uma amplitude de espaço, tão importante para quem não quereria sentir-se na sua casa, dentro de uma gaiola. O lugar não é da sua preferência, mas e apesar de ser um rés de chão e ter prédios do outro lado da rua, a distância é bem razoável, tratando-se de dois passeios, quatro faixas de rodagem de estrada ainda com um separador ao meio. Assim  os vizinhos da frente não entrarão em sua casa. Do outro lado, na realidade a frente do prédio e para onde dá o quarto, tem o fim do depósito de água e o princípio do Parque da Paz.

Tem como é natural muitas outras coisas que ele gostaria de mudar, mas que a seu tempo irá conseguir. Tenho a certeza!   

É para mim então um dia muito feliz, sentir que um dos meus três filhos, concretizou uma parte importante da construção do seu futuro e espero que seja também para ele um motivo de felicidade, bem estar e orgulho.

Que possas encontrar nela a tranquilidade, a estabilidade e o conforto de que tanto precisamos, para nos sentirmos bem connosco, com a vida e com o mundo.

É assim que eu desejo sejam os teus dias, neste planeta, neste continente, neste país, nesta cidade, neste lugar por ti escolhido! 

 

Mafalda, 7 de Fevereiro de 2007

(Foto minha) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


publicado por mafalda-momentos às 15:50
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