E Setembro acontece de novo.
Nos odores da praia, no som das ondas, os meus sentidos despertam.
Remexem as lembranças de um passado não apagado nem esquecido.
Levam-me de volta aos caminhos da tristeza, percorridos nas caminhadas á beira-mar daquele extenso areal.
Trazidos pelo vento, ou pelo encontro do meu corpo com a orla do mar, os salpicos de água salgada, assaltam-me o rosto e deixo de distingui-los das lágrimas.
Só que me encontro, vem a noite trazer-me a companhia das estrelas e da lua que guardam meu segredo. Silenciosas tornam-se minhas cúmplices.
Não sei se me levam até a ti, ou se te trazem até mim.
Não existes. És apenas um sonho, uma quimera desfeita.
Foram-se-me contigo o coração e a razão.
Sem dar conta, atravesso a estrada e encontro-me frente áquela porta.
Estou confusa. Não sei o que faço ali.
Colho dum arbusto uma flor que desfolho. Suas pétalas pequeninas tombam no chão e esvoaçam com a brisa leve. Serás tu a dizer-me adeus?
Pequenina está também a minha alma. Compreendia que era a minha despedida. Era um nunca mais.
Mais pequenina, mais só e triste se sentiu ainda.
Contudo, insólita, estranha contradição, nunca tão livre se sentira.
Inexplicáveis estados de alma!
Vai, segue teu caminho, que o meu não mais se entrelaçará no teu.
Foram assim as férias daquele Verão em Setembro, sozinha e companheira da solidão.
Não sei porque sigo recordando.
Não compreendo porque tudo me lembra...
Mafalda, 6 de Setembro de 2009
(foto minha)
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