Dizem os psicólogos que o luto tem cinco fases (alguns acrescentam mais duas) e que o tempo a concretizá-lo, dependendo de cada individuo, é de seis meses a dois anos.
Primeiro vem a negação e a seguir a raiva.
Depois a depressão e a culpa.
E por fim a aceitação.
Que fazer então quando julgamos que chegámos finalmente à fase da aceitação e retrocedemos de novo à RAIVA.
Ah! Não!
Não passarei por tudo outra vez!
Já chega!
Basta!
Afinal quem sou eu? Não sou uma lutadora?
Criei o meu refúgio e nele viverei e nada que eu não queira existirá.
Por aqui fico no encanto do céu da minha música, na contemplação solitária da beleza do mar, na nostalgia de um anoitecer, no doce sabor de ser beijada pelo calor do sol, no respirar do suave perfume das flores campestres, no prazer do toque ao colher uma papoila rubra, um malmequer, de bem me quer, mal me quer, muito, pouco ou nada, com que a Primavera a chegar me brinda.
No calmante e refrescante jeito da minha simples escrita e no silencioso e absorvente culto da leitura.
No olhar sereno através da vidraça, da chuva miudinha caindo lá fora.
Na visão da paisagem que me preenche e que o deslizar do carro na estrada me deixa ter das serranias imponentes, da floresta que ladeia as bermas e da extensa planície, daquela ave que batendo as asas se eleva com leveza no espaço.
Por aqui fico nas belezas e forças da natureza, como se fizesse parte delas, como se fosse uma delas, insensível à minha condição de humana.
Mafalda, 15 de Março de 2009
(fotos minhas)
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