Toda a tarde, exuberante e destemida a cigarra cantou, num hino ao sol, ao calor e ao lazer.
Onde se esconderia ela? Talvez num canteiro das árvores da minha rua, ou talvez nalgum dos vasos de flores dos terraços dos vizinhos.
Mas na noite que estivera quente, não ouvira cantar o grilo.
Talvez que ele fosse mais tímido, ou quem sabe mais medroso e o assustasse o barulho dos carros, levando-o para lugares mais tranquilos.
E por falar em canto, lembrei-me da andorinha dos beirais que na Primavera tinha visto de volta ao ninho que o ano passado nascera, junto à porta da garagem do edifício ao lado. Por lá vivia com suas crias que eu bem as ouvia ao cair da tarde.
Mais um canto recordei. Um canto que nunca ouvi.
Como cantará a cotovia?
Dizem que é como um anjo da primavera que voa alto nos céus, desperta a esperança onde quer que vá com seu canto belo e inigualável.
Alguém poderá matar uma ave assim?
Muito me marcou na minha adolescência, a leitura desta obra “Por favor não matem a cotovia”, que hoje, talvez por ouvir a cigarra cantar, relembrei tão fortemente.
É uma história contada na voz de uma criança do sul dos Estados Unidos da América, onde questões delicadas como o racismo, a opressão, a injustiça ou o preconceito saltam das suas páginas.
De leitura fácil, mas que nos prende e agarra até ao final.
Um livro que me deu vontade de reler.
_______________________________________________________________________
Por favor não matem a cotovia da escritora norte-americana Harper Lee, nascida a 28 de Abril de 1926 no estado de Alabama, no seu título original “To kill a Mockingbird”, foi publicado em 1960 e em 1961 ganhou o prémio Pulitzer.
Mafalda, 11 de Agosto de 2010
(foto da net)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. A pena do gabbiano deslis...
. O BEIJO
. Casa Arrumada... Desarrum...